domingo, 28 de julho de 2013

John Lennon e o fedelho do Paul...

John Lennon e o fedelho do Paul...
(Luciano Roberto)

Certa vez Ringo Starr, baterista da maior banda de rock do planeta The Beatles, disparou o seguinte comentário sobre Paul McCartney: "Nós somos os únicos dois beatles vivos, embora ele goste de pensar que é o único". Talvez o sir McCartney sempre pensou assim, desde os tempos de garoto na velha cidade inglesa, Liverpool.

Nada contra, o cara é um fenômeno! Não a toa que continua levando multidões para o seus shows, principalmente quando vem uma vez ou outra para o Brasil ganhar aquela grana!

Mas para John Lennon, Paul McCartney era um fedelho presunçoso.

John Lennon, líder dos beatles nasceu no dia 9 de outubro de 1940. Foi assassinado em Nova Iorque em 1980, se hoje estivesse vivo, teria 79 anos de idade. O gênio indomável foi o criador da banda britânica. Filho de Alfred Lennon e Julia Stanley, quando criança presenciou a separação dos pais, "o menino tentou uni-los, mas sem convencer nenhum deles. John então pegou a mão de Julia e partiu com ela". (COUTO, 2010, p. 17).

Não demorou muito e Julia Stanley entregou a guarda do seu filho para a sua irmã Mimi Smith e George Smith. marido dela. Ambos não tinham filhos. Um dos principais motivos foi a falta de condições de Julia para cuidar de John Lennon.

Criado pelos tios, John Lennon teve uma vida complicada, uma adolescência e juventude cheia de piração. Em 1955 seu tio George faleceu, três anos depois, morreu a sua mãe, "Julia não chegou a ver a fama do filho, pois em quinze de julho de 1958, quando John tinha dezessete anos, ela saía da casa de Mimi quando foi atropelada por um carro dirigido por um policial bêbado, Eric Clague". (COUTO, 2010, p.18).

A morte foi o imã que uniu John Lennon e Paul McCartney. Paul também perderam a mãe em outubro de 1956, vítima de câncer de mama. A dupla foi formada pela dor e a rebeldia do rock n' roll. Neste mesmo ano, John forma o Quarrymen, quando em 15 de junho "Ivan Vaughan leva Paul McCartney para assistir ao show do grupo Quarrymen na igreja de Woolton, e logo após John é apresentado a Paul, quo toca Twenty Fliht Rock. Paul recebe aprovação de John e entra para o grupo" (MALLAGOLI, 2004, p.30).

Em 1960, o grupo realizou diversas apresentações no Cavern Club em Liverpool, um espaço para ouvir música, namorar e lógico, se embriagar.

Foi no Cavern Club que o empresário Brien Epstein sentiu que a banda de Liverpool poderia ser grande. O próprio Brien, considerado por alguns biógrafos da banda inglesa o "quinto beatle", fez o seguinte comentário, quando encontrou-os pela primeira vez : "Fiquei impressionado de maneira imediata pela música deles, ritmo e sentido de humor sobre o palco. E inclusive quando os conheci mais tarde também fiquei impressionado pelo carisma pessoal dos rapazes. E foi neste mesmo instante que tudo começou"(COUTO, 2010, p. 52). Brien Epstein foi o responsável de tirar os garotos de Liverpool da caverna e levá-los para o mundo, e consequentemente, para a eternidade.

Quando Brien morreu em 23 de agosto de 1967, os atritos que já vinham acontecendo, levaram ao fim dos Beatles em setembro de 1969. No livro de Sérgio Pereira Couto, Dossiê John Lennon, diversos foram as situações que contribuíram para o fim da banda: "a morte de Brien Epstein, George Harrison como compositor, a relação entre John e Yoko Ono, situação empresarial, entre outros. Mas destaco a competição entre John Lennon e Paul McCartney. Havia uma rivalidade entre os dois, principalmente em relação a composição das músicas e a liderança da banda. Couto afirma que "John teria chamado a si e a Paul de egomaníacos, o que impedia de certa forma que George se destacasse".

Destaco alguns trechos da entrevista de John Lennon, em 21 de janeiro de 1971, retirada do livro "As melhores entrevistas da revista Rolling Stone", confira:

"Sempre se falou que os Beatles - e os Beatles falaram de si mesmos - eram quatro partes de uma mesma pessoa. O que houve com essas quatro partes?

Eles se lembram que eram quatro indivíduos. Veja, nós acreditávamos no mito Beatles também. Não sei se os outros ainda acreditam. Nós éramos quatro caras... eu conheci Paul e lhe disse: "Você quer se juntar à minha banda?". Então George se juntou e Ringo se juntou. Nós éramos uma banda que conseguiu ser muito, muito grande, é só. Nosso melhor trabalho nunca foi gravado.

Eu gostaria de fazer uma pergunta sobre Paul e continuar por aí. Quando vimos "Let It Be" em São Francisco, qual foi sua reação?

Me senti triste, sabe? Eu também me senti... aquele filme foi feito por Paul para o Paul. Esta é uma das razões pelas quais os Beatles acabaram. Não posso falar por George, mas sei muito bem que ficamos putos por ser coadjuvantes do Paul.
Depois que Brian morreu, foi isso que aconteceu, isso o que começou a acontecer conosco. A câmera era colocada para focalizar Paul e ninguém mais. Foi assim que eu senti. Além disso, as pessoas que montaram o filme, o editaram de tal maneira que Paul era Deus e nós estávamos lá o reverenciando. Foi assim que eu senti a coisa toda. E eu sabia que havia algumas tomadas de mim e Yoko que haviam sido cortadas por nenhuma outra razão além das orientações de Engelbert Humperdink, Me senti enojado.

Como você traçaria a ruptura dos Beatles?

Depois da morte de Brian, nós entramos em colapso. Paul tomou as rédeas e supostamente nos liderou. Mas o que estava nos liderando quando começamos a andar em círculos? Então nós terminamos. Isso foi a desintegração.

Você disse que saiu dos Beatles primeiro.

Sim.

Como?

Eu disse para o Paul: "Estou saindo". [...]
Então, nós estávamos conversando no escritório com Paul, e ele disse algo sobre os Beatles fazerem alguma coisa, e eu continuava dizendo: "Não, não, não" para tudo o que ele falava. Então chegou num ponto onde eu eu tinha que dizer alguma coisa, é claro, e Paul disse: "O que você quer dizer?".
Eu falei: "Quero dizer que o grupo acabou. Estou saindo". [...].

Bem, quando ele [Paul MacCartney] veio com essa história de "Eu estou saindo".

Não, eu não estava com raiva - que droga, ele é um ótimo Relações Públicas, cara, é só isso. Ele é provavelmente o melhor do mundo. Ele realmente faz um serviço e tanto. Eu não estava bravo. Nós todos

ficamos sentidos pelo fato de ele não ter nos dito que era aquilo que ia fazer. [...].

Qual foi a reação de Paul?
Veja bem, muitas pessoas [...] pensam que são os Beatles [...]. Bem, eu digo: vão se foder, sabe?, porque depois de trabalharem com um gênio por dez, quinze anos, eles começam a achar que são um. Pois não são.

Você se acha um gênio?

Sim, se há algo parecido com isso, eu sou um.

[...]"

A entrevista com John Lennon é bastante longa, começa na página 43 e vai até 72. Um gênio e um fedelho, que criaram simplesmente uma banda magnifica: The Beatles.


  • Li e indico:
CARLIN, Peter Ames. Paul McCartney: uma vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

COUTO, Sérgio Pereira. Dossiê John Lennon. São Paulo: Universo dos Livros, 2010.

MALLAGOLI, Marco Antônio. John Lennon por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 2004.
WENNER, Jann S. e LEVY, Joe. Rolling Stone: as melhores entrevistas da revista Rolling Stone. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008.

  • Vi e indico:

O Garoto de Liverpool - Filme muito bacana que retrata a juventude de John Lennon em sua terra natal, as suas ousadias e a formação dos Beatles. O filme apresenta o momento em que o cantor descobriu a sua vocação para a música e de sua difícil relação com a mãe e tia Mimi.


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