John
Lennon e o fedelho do Paul...
(Luciano
Roberto)
Certa
vez Ringo Starr, baterista da maior banda de rock do planeta The
Beatles, disparou o seguinte
comentário sobre Paul McCartney: "Nós somos os únicos dois
beatles vivos, embora
ele goste de pensar que é o único". Talvez o sir
McCartney sempre pensou assim, desde os tempos de garoto na velha
cidade inglesa, Liverpool.
Nada
contra, o cara é um fenômeno! Não a toa que continua levando
multidões para o seus shows,
principalmente quando vem uma vez ou outra para o Brasil ganhar
aquela grana!
Mas para John Lennon, Paul McCartney era um fedelho presunçoso.
John
Lennon, líder dos beatles nasceu
no dia 9 de outubro de 1940. Foi assassinado em Nova Iorque em 1980,
se hoje estivesse vivo, teria 79 anos de idade. O gênio indomável
foi o criador da banda britânica. Filho de Alfred Lennon e Julia
Stanley, quando criança presenciou a separação dos pais, "o
menino tentou uni-los, mas sem convencer nenhum deles. John então
pegou a mão de Julia e partiu com ela". (COUTO, 2010, p. 17).
Não demorou muito e Julia Stanley entregou a guarda do seu filho
para a sua irmã Mimi Smith e George Smith. marido dela. Ambos não
tinham filhos. Um dos principais motivos foi a falta de condições
de Julia para cuidar de John Lennon.
Criado pelos tios, John Lennon teve uma vida complicada, uma
adolescência e juventude cheia de piração. Em 1955 seu tio George
faleceu, três anos depois, morreu a sua mãe, "Julia não
chegou a ver a fama do filho, pois em quinze de julho de 1958, quando
John tinha dezessete anos, ela saía da casa de Mimi quando foi
atropelada por um carro dirigido por um policial bêbado, Eric
Clague". (COUTO, 2010, p.18).
A morte foi o imã que uniu John Lennon e Paul McCartney. Paul
também perderam a mãe em outubro de 1956, vítima de câncer de
mama. A dupla foi formada pela dor e a rebeldia do rock n' roll.
Neste mesmo ano, John forma o Quarrymen, quando em 15 de junho
"Ivan Vaughan leva Paul McCartney para assistir ao show do grupo
Quarrymen na igreja de Woolton, e logo após John é apresentado a
Paul, quo toca Twenty Fliht Rock. Paul recebe aprovação de
John e entra para o grupo" (MALLAGOLI, 2004, p.30).
Em 1960, o grupo realizou diversas apresentações no Cavern Club
em Liverpool, um espaço para ouvir música, namorar e lógico, se
embriagar.
Foi no Cavern Club que o empresário Brien Epstein
sentiu que a banda de Liverpool poderia ser grande. O próprio Brien,
considerado por alguns biógrafos da banda inglesa o "quinto
beatle", fez o seguinte comentário, quando encontrou-os pela
primeira vez : "Fiquei impressionado de maneira imediata pela
música deles, ritmo e sentido de humor sobre o palco. E inclusive
quando os conheci mais tarde também fiquei impressionado pelo
carisma pessoal dos rapazes. E foi neste mesmo instante que tudo
começou"(COUTO, 2010, p. 52). Brien Epstein foi o responsável
de tirar os garotos de Liverpool da caverna e levá-los para o mundo,
e consequentemente, para a eternidade.
Quando Brien morreu em 23 de agosto de 1967, os atritos que já
vinham acontecendo, levaram ao fim dos Beatles em setembro de
1969. No livro de Sérgio Pereira Couto, Dossiê John Lennon,
diversos foram as situações que contribuíram para o fim da banda:
"a morte de Brien Epstein, George Harrison como compositor, a
relação entre John e Yoko Ono, situação empresarial, entre
outros. Mas destaco a competição entre John Lennon e Paul
McCartney. Havia uma rivalidade entre os dois, principalmente em
relação a composição das músicas e a liderança da banda. Couto
afirma que "John teria chamado a si e a Paul de egomaníacos, o
que impedia de certa forma que George se destacasse".
Destaco alguns trechos da entrevista de John Lennon, em 21 de
janeiro de 1971, retirada do livro "As melhores entrevistas da
revista Rolling Stone", confira:
"Sempre se falou que os Beatles - e os Beatles falaram de si
mesmos - eram quatro partes de uma mesma pessoa. O que houve com
essas quatro partes?
Eles se lembram que eram quatro indivíduos. Veja, nós acreditávamos
no mito Beatles também. Não sei se os outros ainda acreditam. Nós
éramos quatro caras... eu conheci Paul e lhe disse: "Você quer
se juntar à minha banda?". Então George se juntou e Ringo se
juntou. Nós éramos uma banda que conseguiu ser muito, muito grande,
é só. Nosso melhor trabalho nunca foi gravado.
Eu
gostaria de fazer uma pergunta sobre Paul e continuar por aí. Quando
vimos "Let It Be" em São Francisco, qual foi sua reação?
Me senti triste, sabe? Eu também me senti... aquele filme foi feito
por Paul para o Paul. Esta é uma das razões pelas quais os Beatles
acabaram. Não posso falar por George, mas sei muito bem que ficamos
putos por ser coadjuvantes do Paul.
Depois que Brian morreu, foi isso que aconteceu, isso o que começou
a acontecer conosco. A câmera era colocada para focalizar Paul e
ninguém mais. Foi assim que eu senti. Além disso, as pessoas que
montaram o filme, o editaram de tal maneira que Paul era Deus e nós
estávamos lá o reverenciando. Foi assim que eu senti a coisa toda.
E eu sabia que havia algumas tomadas de mim e Yoko que haviam sido
cortadas por nenhuma outra razão além das orientações de
Engelbert Humperdink, Me senti enojado.
Como
você traçaria a ruptura dos Beatles?
Depois da morte de Brian, nós entramos em colapso. Paul tomou as
rédeas e supostamente nos liderou. Mas o que estava nos liderando
quando começamos a andar em círculos? Então nós terminamos. Isso
foi a desintegração.
Você
disse que saiu dos Beatles primeiro.
Sim.
Como?
Eu disse para o Paul: "Estou saindo". [...]
Então, nós estávamos conversando no escritório com Paul, e ele
disse algo sobre os Beatles fazerem alguma coisa, e eu continuava
dizendo: "Não, não, não" para tudo o que ele falava.
Então chegou num ponto onde eu eu tinha que dizer alguma coisa, é
claro, e Paul disse: "O que você quer dizer?".
Eu falei: "Quero dizer que o grupo acabou. Estou saindo".
[...].
Bem, quando ele [Paul MacCartney] veio com essa história
de "Eu estou saindo".
Não, eu não estava com raiva - que droga, ele é um ótimo Relações
Públicas, cara, é só isso. Ele é provavelmente o melhor do mundo.
Ele realmente faz um serviço e tanto. Eu não estava bravo. Nós
todos
ficamos sentidos pelo fato de ele não ter nos dito que era
aquilo que ia fazer. [...].
Qual
foi a reação de Paul?
Veja bem, muitas pessoas [...] pensam que são os Beatles [...]. Bem,
eu digo: vão se foder, sabe?, porque depois de trabalharem com um
gênio por dez, quinze anos, eles começam a achar que são um. Pois
não são.
Você
se acha um gênio?
Sim, se há algo parecido com isso, eu sou um.
[...]"
A entrevista com John Lennon é bastante longa, começa na página
43 e vai até 72. Um gênio e um fedelho, que criaram simplesmente
uma banda magnifica: The Beatles.
- Li e indico:
CARLIN, Peter Ames. Paul McCartney: uma vida. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
COUTO, Sérgio Pereira. Dossiê John Lennon. São
Paulo: Universo dos Livros, 2010.
MALLAGOLI, Marco Antônio. John Lennon por ele mesmo. São
Paulo: Martin Claret, 2004.
WENNER, Jann S. e LEVY, Joe. Rolling Stone: as melhores
entrevistas da revista Rolling Stone. São Paulo: Larousse do
Brasil, 2008.
- Vi e indico:
O
Garoto de Liverpool -
Filme muito bacana que retrata a juventude de John Lennon em sua
terra natal, as suas ousadias e a formação dos Beatles. O filme
apresenta o momento em que o cantor descobriu a sua vocação para a
música e de sua difícil relação com a mãe e tia Mimi.
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