sábado, 29 de outubro de 2016

Diário de eleitor: um cidadão brasileiro

(Luciano Roberto)

Persistência da Memória: obra de Salvador Dalí.

O texto a seguir não passa de uma ficção. Mas uma ficção que está ligada a minha convivência com amigos e gente como a gente, ideologias e lugares da cidade de Manaus.

Manaus, 30 de outubro de 2016.

5h30min.

Acordei cedo. Abri os olhos lentamente, olhei para o lado e vi minha esposa ainda no terceiro sono. Queria voltar a dormir, mas depois de 16 anos acordando as 5h30min para ir trabalhar no Distrito Industrial, o corpo fica adaptado, faz aquilo  que o relógio manda, que é levantar.

Mesmo contra minha vontade, pulo da cama. Penso em qualquer bobagem e lembro que hoje é dia de eleição. Caramba! Não tenho saco para enfrentar um ônibus lotado, já que hoje o transporte coletivo, é gratuito. Para piorar, tem família com uma penca de filhos que usa este dia para visitar famílias que moram em bairros distantes. Estou lascado!

Vou para frente da minha casa. Acendo um cigarro. Faço minha última análise, em que irei votar: Arthur Neto ou Marcelo Ramos? Papo besta homem, já estou mais do que decidido. 

8hs.

Finalmente a mulher acorda. Com ela meus curumins. "Benção papai!". Vem de um por um, pedir a benção: Tiago, Jair, Fernando e Franklin. "Deus te abençoe!". O Franklin é o filho que merece maiores cuidados. O bichinho é pré-maturo, quando tinha uns três anos de idade, levou um coice na cabeça de uma cabra que eu cuidava no quintal de casa para tirar leite. É o meu caçula.

Graças a Deus, no café da manhã teve cará e mandioca cozidos. A mulher também fez uma farofa de jabá, mas as crianças foram mais rápidas. Mal sobrou a farinha e o cheiro do charque.

11h30min.

Estou chateado e mordido! Por que não transferi minha sessão eleitoral para o bairro da Colônia Antônio Aleixo, no dia em que fiz a minha biometria? Burro! Burro! Burro!

12h49min.

A mulher já foi votar e eu ainda estou na parada. Já passaram três ônibus coletivos e nenhum parou, tudo lotado! Voto  na Redenção, lá no outro lado de Manaus, na antiga invasão "Planeta dos Macacos". Estou com uma fome miserável...

13hs.

Finalmente um motorista filho de Deus teve coragem de parar. Sou Católico Apostólico Romano e não gosto de mentir, mas eu juro que dentro do ônibus tinham umas 500 pessoas. Era tanta gente, que o ônibus quando fazia uma curva, dava a impressão que ia virar.

Depois de duas horas pegando e trocando de ônibus, cheguei finalmente na Escola Estadual Hemetério Pinheiro Raposo, onde estava a minha sessão para votar. Mas antes, comprei um "kikão" e um copo com suco de maracujá, chibata que só!   

Depois do bucho ficar mais calmo, enfrentei uma fila miserável  para votar. Parece que todo mundo da minha sessão combinaram que naquele exato momento todos votariam. Maninho era menino chorando, mulher reclamando e o sol tinindo lá fora. O suor corria feito água de igarapé. Ah, um igarapé agora.

14hs38min.

Acabei de votar. Foi um sufoco, mas já fiz minha obrigação de cidadão. Bem que eu gostaria de poder escolher votar ou não. O Brasil não é um país democrático? Por que  eu sou obrigado a votar? Sei lá! Isso é coisa para os graduados debaterem.

17h20min. 

Graças a Deus voltei para minha família. Meus curumins estavam brincando de bola em frente de casa. Tomei um banho. Comi uma tora de tambaqui frito com farinha. Foi tão rápido que nem percebi as espinhas. Bebi um copo d´água. Coloquei uma cadeira em frente de casa. Sentei e liguei o meu velho rádio de pilha. 

Sintonizei na Rádio Tiradentes, onde só toca música boa. Veio o meu caçula todo sujinho, o bichinho, sentou-se do meu lado. A mulher espiava tudo da janela. As crianças continuavam jogando bola. Meus pensamentos diziam: tenho certeza que fiz a coisa certa. Votei no caboclo certo.

Quer saber em quem votei meu filho? Perguntei para o meu menino que parecia não entender nada. Votei no tucano Arthur Neto, 45! O tal do Marcelo Ramos arrota muito abacaba. Tem dinheiro pra isso, tem dinheiro pra aquilo, e eu aqui morto de liso. Quando a esmola é muito grande, cego desconfia.

Né, Franklin? O meu menino levantou a cabeça e sorriu. Depois acenou que sim. Agora é esperar o resultado!








A política e a sujeira

(Luciano Roberto)

Arthur Neto e Marcelo Ramos: e a luta dos memes na web

Após mais de quinhentos anos da morte do filosofo italiano Nicolau Maquiavel (1469 -1527), suas ideias sobre poder continuam vivas. Talvez não para as massas, mas para os políticos que as lideram, a obra de Maquiavel "O Príncipe", nunca esteve tão presente em nossa política, como agora, na véspera do 2º turno, eleições 2016.

Arthur Neto (PSDB) e Marcelo Ramos (PR), disputam ardiamente a prefeitura de Manaus. Voto a voto, utilizando meios ultrapassados, como acusações e propagandas enganosas para adquirir-los. Nos parece que tornou-se cultural a política da sujeira em nosso Estado. E este tipo de política deve ser banida do Amazonas e de todo o país!

A política da sujeira leva a corrupção, é a mesma política do "rouba, mais faz", que não é mais aceitável e tão pouco suportável no Brasil, em pleno século 21.

Em 1989, depois de mais de duas décadas de Ditadura civil-militar (1964 - 1985), tivemos pela primeira vez eleições diretas para a escolha do Presidente do Brasil. Foram aproximadamente 15 candidatos, alguns preparados, outro meros aventureiros, como o caso do apresentador e proprietário do  SBT, Silvio Santos.

Apenas dois candidatos foram para o 2º turno. O primeiro foi o jovem e simpático jornalista Fernando Collor de Melo (PRN). O segundo era o feio e "analfabeto" Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma disputa entre "o belo e a fera".

Os donos dos  meios de comunicação e as elites brasileiras ficaram apavoradas em ter um homem que saiu do seio do povo, metalúrgico, líder sindical, tendo a chance de ocupar o posto mais importante do país.  

Roberto Marinho, proprietário da TV Globo, amigo dos militares no tempo da ditadura, teve participação ativa na manipulação do resultado no histórico debate entre Collor e Lula transmitido pela sua emissora em 1989.

Seu funcionário de confiança, o poderoso Boni, confessaria na sua obra "O livro do Boni". Diz o braço direito do Dr. Roberto Marinho: "Outro momento difícil foi a edição do debate para presidente, em 1989. A audiência havia sido total e uma enquete, feita imediatamente após o debate, indicou a vitória expressiva do Collor. [...]. Não havia necessidade de edição para reforçar a posição do Collor"¹. Manipulação da opinião pública!

O jargão: "Tem dinheiro, dá pra fazer!", virou febre nas redes sociais

Nesta eleição, as redes sociais estão fazendo aquilo que a TV Globo fez há 27 anos atrás, manipulando descaradamente a opinião pública. Com uma diferença, a manipulação ficou muito mais democrática.

Os memes - imagens manipuladas na web - invadiram o WhatsApp e o Facebook. O jargão "Tem dinheiro, dá pra fazer!", propaganda do candidato Marcelo Ramos, virou uma febre da ironia.

Amanhã tudo isto chegará ao fim. Um dos dois candidatos sairá vencedor. Que vença o melhor!

E mais uma vez Maquiavel se fará presente: "O fim justifica os meios".











¹OLIVEIRA SOBRINHO, J. B. O livro do Boni. Rio de Janeiro: Casa de Palavra, 2011. (pág. 447; 448).          

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Funcionários públicos das escolas municipais CMEI Maria Emília Mestrinho e Padre João D´Vries da Colônia Antônio Aleixo tiveram um dia de lazer

(Luciano Roberto)


Funcionários Públicos do CMEI Maria Emília

Hoje, sexta-feira 28 de outubro, é dia do Funcionário Público. Funcionários públicos são pessoas que trabalham anualmente com intuito de melhorar a qualidade de vida da sociedade. São merecedores de nosso respeito e admiração, principalmente quando se trata de funcionários públicos que trabalham em prol da educação.

Foi um dia para tirar o stress. Sabe aquela situação que "é uma reação do organismo que ocorre quando ele precisa lidar com situações que exijam um grande esforço emocional para serem superadas"¹. Pois é, a educação exige tudo isto de todos os funcionários.

Na escola todos passam por tal circunstância: começa pelo porteiro que recebe as crianças, passa pela equipe administrativa que cuida do vasto trabalho burocrático, zeladoras que limpam a escola - o mais triste, é saber que existem funcionários(as) terceirizados(as) que não recebem seus salários em dias - merendeiras que cuidam do alimento das crianças, professores(as) que lutam pela aprendizagem dos seus alunos  e finalmente, o(a) gestor(a) que tem de administrar tudo isto. Não é fácil.

Então hoje merecidamente, foi um dia para tirar o stress.

O dia do Funcionário Público "foi instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937"². O mitológico "pai dos pobres". Foi o único civil, que passou 15 anos consecutivos na presidência do Brasil, de 1930 a 1945.

Foi também no governo de Getúlio Vargas que foi decretado a Lei nº 1.713, de 28 de outubro de 1939. Diz o Artigo 13:

[...]

 "Art. 13. Só poderá ser provido em cargo público quem satisfizer os seguintes requisitos:
         I. Ser brasileiro;
         II. Ter completado dezoito anos de idade;
         III. Haver cumprido as obrigações e os encargos para com a segurança nacional;
         IV. Estar no gozo dos direitos políticos;
         V. Ter bom procedimento;
         VI. Gozar de boa saúde;
         VII. Possuir aptidão para o exercício da função;
         VIII. Ter-se habilitado previamente em concurso, salvo quando se tratar de cargos para os quais são haja essa exigência"³.

[...]

O evento ocorreu no Sítio Santo Antônio, bairro Tarumã, na Zona Norte de Manaus. O espaço foi cedido pela vereadora reeleita (eleição 2016), Professora Therezinha Ruiz.

Para a gestora do CMEI Maria Emília, o evento é importante "porque é um momento de desconcentração, um momento de lazer para tirar o stress. A gente brinca, pula e volta ser criança como os nossos alunos. É um momento único, pois fazemos apenas uma vez por ano. Nós trabalhamos pela comunidade Colônia Antônio Aleixo em prol das nossas crianças, dos pais e da educação. Por este motivo fazemos este evento para que ocorra a socialização entre todos os funcionários".

Maria Medeiros, gestora da Escola Municipal Padre João D´Vries,  argumentou "que este momento é muito importante para a nossa escola e todos os funcionários. Estou muito muito feliz comemorando com todos os nossos funcionários". Já a professora Roselene Braga comentou que "todos os funcionários precisam deste momento para se integrarem. E porque não ter um pouco de lazer?".

Parabéns a todos os Funcionários Públicos da nossa querida Manaus (347 anos)! Parabéns a todos os Funcionários Públicos do nosso gigante Amazonas! Parabéns a todos os Funcionários Públicos do Brasil! 

Imagens do Evento: Dia do Funcionário Público

Vai um dominó aí maninho?

Pensa numa rede chibata!

Quem quer ir pro banho? Eu!!!

Intrometido: Eu também!!!


Professora Roselene: "O caseiro do sítio, eu vou levar pra casa"!


Ter um dia para descansar é mais do que justo. Digo até que é justíssimo!




Referência:  

¹ http://www.estresse.com.br/publicacoes/o-percurso-do-stress-suas-etapas/ (Acessado: 28/10/2016).

² http://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-servidor-publico.htm (Acessado: 28/10/2016).

³ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del1713.htm (Acessado: 28/10/2016).

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Hoje é dia de Halloween no GM!"

(Luciano Roberto)

Jaime Lima - Aluno do 3º 02

Acontece hoje, quarta-feira (26), o tão esperado evento do Halloween na Escola Estadual Gilberto Mestrinho. Uma festa com tendencia a tornar-se uma tradição na escola. Tudo começou com o projeto idealizado pela Professora de Língua Estrangeira, Márcia Almeida.

O primeiro evento ocorreu em 2010. Lá se foram 4 anos. Cada ano que passa, a festa do Halloween fica mais bonita e atrativa para os alunos do GM.

O Halloween, também conhecido como o  Dia das Bruxas  "é uma celebração popular de culto aos mortos. A popularidade do Halloween é maior em alguns países de língua anglo-saxônica (especialmente nos EUA), cujo significado se refere à noite sagrada de 31 de Outubro, véspera do feriado religioso do Dia de Todos os Santos"¹.

Foram os holandenses que levaram o Halloween para os Estados Unidos. No Brasil o evento vem crescendo e ocupando espaço, apesar de "não possuir um significado e valor cultural tão forte como nos Estados Unidos e em outros países, principalmente do Hemisfério Norte"².

Neste ano, o evento foi organizado pelo Professor de Língua Estrangeira Thiago de Melo, que considera o evento "importante para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com a Língua Inglesa'.

Além do Professor Thiago, o evento conta principalmente com a participação dos alunos do 1º ao 3º Ano do Ensino Médio, do turno Noturno. São os alunos, os responsáveis em angariar recursos  e realizar a ornamentação para o sucesso do evento.

Bianca Silva 20, representante da Turma 2º 01, comentou que "realizar o evento foi difícil, mas ver o resultado, é bastante gratificante".

O Gestor da escola, Leonardo Pinheiro comenta que "o evento já é tradicional, tem o intuito em fazer o aluno se apaixonar pela Língua Inglesa. Fazer com que o aluno estude e possa falar fluentemente, ou pelo menos tenha o básico do inglês. De que forma? Através de músicas inglesas e danças. O evento é uma forma alternativa de sair da sala de aula e colocar em prática aquilo que os alunos aprenderam".

O evento ocorre da seguinte maneira: apresentação de danças, uma música apresentada em inglês por um aluno de cada turma, mascote (figuras típicas de filmes de terror estadunidense). Cada item será avaliado por um grupo de jurados compostos por convidados de outras escolas e da Acessória Pedagógica da SEDUC.

Quanto a vocês, o que desejam? Doces ou travessuras! Boooooooooooo!!! Há, há, há, há, há! há!

Halloween do GM em 10 imagens

Imagem I

Imagem II

Imagem III

Imagem IV

Imagem V

Imagem VI

Imagem VII

Imagem VIII

Imagem IX

Imagem X


Casais do Halloween












Até o ano que vem! Há! há! há!











¹ https://www.significados.com.br/halloween/

² Idem.

Pobre Leopoldina, amou sem nunca ser amada pelo mulherengo D.Pedro I

(Luciano Roberto)

D. Leopoldina: Imperatriz do Brasil

 O amor é um sentimento abstrato. Mas ninguém conseguiu conceitua-lo melhor este sentimento do que o poeta português Luiz Vaz de Camões. Escreveu o lusitano:

"Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer"¹

[...]

Ah, o amor! Escrever sobre algo tão complexo da alma e do sentimento humano, onde apenas os poetas possuem sensibilidade suficiente para entender, surgiu da mensagem do WhatsApp de uma querida colega. 

Ela digitou: "Escreve alguma coisa sobre amor não correspondido". Pensei e lembrei imediatamente da Imperatriz Leopoldina. Outra mensagem surgiu na tela do celular: "Tipo, homem q trabalha demais, não tem tempo para a família e nos feriados loooongos, vai jogar futebol com os amigos". 

Leopoldina! Maria Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro I. Mas antes de falar um pouco da Imperatriz, permita que a poesia "Estatutos do Homem", do genial poeta amazonense Thiago de Mello, nos brinde sobre o amor.

[...]

"Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá a planta o milagre da flor.

[...]

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

[...]

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
Amar sem amor."²

[...]

Como pode alguém "amar sem amor"? Possivelmente a resposta está em amar mais o outro (marido, esposa) do que a si mesmo. Com exceção do amor materno, que considero o maior e o mais verdadeiro amor humano.

Talvez seja a pior forma de amar. Esquecer de se amar, declarar amor eterno para você mesmo, mesmo que seja diante do espelho. Alguns dirão que esta ideia é puro egocentrismo, ou narcisismo. Eu continuo acreditar em amor próprio.

Parece papo de terapia entre casais. Mas lembre-se, este é o Blog Pa[po]piro: Um novo papiro de papo e piração. O mais próximo que cheguei da Psicologia foi no meu tempo de aluno do magistério e na faculdade. Li alguns textos de Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e recentemente, alguns livros do Augusto Cury.  

Bem, voltemos a falar de D. Leopoldina.

Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, era austríaca. Filha do imperador Francisco II,  foi também cunhada do Napoleão Bonaparte. O mesmo que fez a família real portuguesa fugir de Portugal para a sua colônia - Brasil - em 1808.

O casamento de Leopoldina com D. Pedro I, foi uma jogada política. Como muitos casamentos da época, eram arranjados entre os pais. D. João VI e sua esposa Carlota Joaquina, pais de D. Pedro I, tinha interesse em casar seu filho com uma princesa europeia, do outro lado, Francisco II estava de olho em realizar comércio com Brasil. Ainda colônia de Portugal.

Faltou no casamento de D. Leopoldina o tão nobre sentimento: amor. Em compensação, não faltou interesse. Chegou ao Brasil em 1817. Mal sabia a futura Imperatriz do país dos trópicos o que passaria e sofreria nos próximos anos de sua vida.

Quando casou-se com D. Pedro, tinha 20 anos, e o futuro "pai da independência", 19 anos de idade. Leopoldina chegou ao Brasil em busca do amor de seu futuro marido, mas Pedro estava apaixonado por uma dançarina francesa Noémi Thierry. Começou mal o relacionamento, e ia piorar.

D. Pedro I era mulherengo, "não há consenso entre os historiadores sobre o número de amantes ou mesmo se foram tantas as que privaram da intimidade do imperador"³ Filhos então, foram 7 no primeiro casamento e 1 com D. Amélia, com quem se casou após a morte de Leopoldina. Quantidades de filhos com amantes, incontáveis! Eram muitos os filhos bastardos do imperador.

Leopoldina viveu no Brasil entre 1817 e 1826, quando veio a óbito. Durantes os 9 anos em que viveu no Brasil, ficou grávida nove vezes! Sobreviveram apenas 7 crianças, inclusive D. Pedro II, futuro imperador do Brasil. Ninguém sabe dos abortos realizados pela imperatriz.


Domitila de Castro: a Marquesa de Santos, amante de D.Pedro I

Entre as amantes de D. Pedro I, a que causou mais sofrimento a Leopoldina foi a Marquesa de Santos. Domitila de Castro, a Marquesa de Santos que nunca pisou os pés em Santos.

Veja trecho da carta que Leopoldina escreveu para sua irmã mais velha, Louison: 

"Há quase quatro anos, minha adorada mana, como vos venho escrito, por amor de um monstro sedutor, me vejo reduzida ao estado da maior escravidão e totalmente esquecida do meu adorado Pedro. Ultimamente, acabou de dar-me a prova de seu total esquecimento a meu respeito maltratando-me na presença daquela que é a causa de todas as minhas desgraças. Muito e muito tinha a dizer-vos, mas faltam-me forças para me lembrar de tão horroroso atentado que será sem dúvida a causa da minha morte"4.

D. Pedro I chegou ao cúmulo de nomear a sua amante "Titila" - era assim como ele chamava a amante em cartas e provavelmente em momentos íntimos - dama de companhia de D. Leopoldina.

Leopoldina sofreu até os últimos momentos da sua vida. Morreu jovem, com 29 anos. Estava arrependida de ter vindo morar no Brasil e de amar um homem que nunca a amou.

Quanto a você minha querida colega, ame a si mesma, deixe que ele perceba o quanto está sendo tolo por não valorizar o seu amor. Amor não correspondido se alimenta com desprezo. 






    

¹ http://www.suapesquisa.com/biografias/amor_e_fogo.htm (Acessado: 24/10/2016).

² http://www.jornaldepoesia.jor.br/tmello.html#estat (Acessado: 24/10/2016).

³ Revista de História da Biblioteca Nacional ( Ano 6; Nº 64, Janeiro 2011; p. 32).

4 Revista de História da Biblioteca Nacional ( Ano 9; Nº 107, Agosto 2014; p. 34).







segunda-feira, 24 de outubro de 2016

E éramos gordos... E continuamos gordos felizes!

(Luciano Roberto)

Mulher de Willendorf - Foi esculpida entre 22 a 24 mil anos

Recentemente fiz uma aposta com uma colega de trabalho. Como diria João Grilo (personagem fantástico, criado por Ariano Suassuna), bastante conhecido no filme "O auto da compadecida", direção de Guel Arraes. Diz a frase: "ô promessa desgraçada, ô promessa sem jeito". Eu digo: "ô aposta desgraçada, ô aposta sem jeito".

Apostei quem perderia mais peso no período de um mês. Valor da aposta: R$ 50,00. Perdi vergonhosamente. Consegui perder apenas 2 kg, enquanto a minha colega, muito mais disciplinada, perdeu 4 kg. Pior, acho que depois da aposta "sem jeito", já devo ter recuperado o triplo do que havia perdido.

A aposta foi feita como uma brincadeira, mas ao ler o texto de Caio Gomes Silveira¹, sobre a história de um jovem paulista que perdeu 45 kg em um ano, detalhe: ele pesava 115 kg! passei a pensar em escrever sobre como era vista a obesidade, principalmente nas mulheres, atuais vítimas da ditadura da beleza e bullying.

Aliás, crianças, adolescentes, jovens e adultos obesos, são vítimas de bullying. É necessário destacar que o bullying está presente em nossa vida, principalmente nas escolas. Não é novo, mas é algo que tomou grande dimensão. Ofensas, apelidos de mau gosto, sempre ocorreram e ocorrem em grupos de jovens e adolescentes. O problema é que nem todos tem a capacidade de conviver com tais ofensas, por isso, o bullying é perigoso e humilhante!

A obesidade que hoje é vista como feia e negativa, já foi vista como algo belo e positivo. As mulheres mais cobiçadas da Pré-História  até o final do século 19, eram as gordinhas. Eram desejadas pelos homens, consideradas boas procriadoras, sendo que "para as mulheres, a gravidez era um impressionante estado de poder"².

A ideia de aversão a gordura, começou a partir do século 20 e explodiu violentamente como um mal do nosso século.

Vejamos o exemplo da estatueta conhecida como Vênus de Willendort, provavelmente produzida no período da Pré-História, chamado Paleolítico. Período em que o fogo foi dominado pelo homem.

Também chamada de Mulher de Willendort "é uma estatueta com 11,1 cm (4 3/8 polegadas) de altura representando estilisticamente uma mulher, descoberta no sítio arqueológico do paleolítico situado perto de Willendorf, na Austria"³.

Uma escultura pequenina, que cabe na palma da mão. Possui um corpo volumoso, seios abundantes, a parte externa dos órgãos sexuais fartos. Seus braços não correspondem ao corpo, são frágeis e estão sobre os seios. Sua cabeça não apresenta sua face, parece ficar escondida sob uma espécie de chapéu, que poderia ser de palha.

Para muitos arqueólogos, a Mulher de Willendort é uma representação do tipo de mulher valorizada na Pré-História,  para outros estudiosos, simplesmente uma deusa da fertilidade. A estatueta foi esculpida entre 22 a 24 mil anos.

Penso nas moças que trabalham para a indústria da moda,  modelos esqueléticas   vivendo no século 19, sofreriam, pois "a magreza, por sua vez, remetia à doença, à consumição, à tísica, anemia e clorose: doenças que enfeavam e matavam homens e mulheres. Pior: a magreza tinha uma conotação psicológica - remetia a mesquinharia, avereza ou ambição desefreada"4. Uma contradição ao nosso tempo.

A gordura já foi vista como símbolo de saúde e desejo. Hoje é vista como uma doença a ser curada e eliminada. Muito se deve aos meios de comunicação que vendem uma ideia do corpo perfeito. Indústrias de cosméticos lucram descaradamente.

Os homens são seres que vivem em sociedade. Seguem conscientes ou não as normas sociais e culturais em que estão inseridos. Só é preciso respeitar as diferenças. Há espaço para todos: gordos, magros, vesgos, cambotas, altos, baixos etc! Ontem éramos gordos, continuamos gordos e felizes!

 








¹ http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2016/10/jovem-perde-45-kg-e-escreve-livro-sobre-bullying-nao-e-mimimi.html (Acessado: 22/10/2016)

² DEL PRIORE, Mary. Conversas e histórias de mulher. São Paulo: Planeta, 2013. (p. 113)

³https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9nus_de_Willendorf (Acessado: 24/10/2016)

DEL PRIORE, Mary. Idem. (p.253).