sexta-feira, 26 de julho de 2013

O povo e os meninos no poder

                                                  “O Povo e os Meninos no Poder”
                                                              (Rafael Bentes)

Quando se analisa, historicamente, o papel desempenhado pela juventude percebe-se com muita facilidade a ausência de lógica ao tratar tal faixa etária como imatura e até com descaso. Ora, o Mundo está farto de grandes jovens estadistas e até mesmo jovens que Mudaram o Mundo. Sim!
“Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, já dizia Che Guevara..., é interessante notar, com muita atenção, a vontade presente em toda menina e em todo menino: Mudar o Mundo! A Vontade de mudança, de romper com o já existente é característica natural e tentar conter isso chega a ser desumano.

Os jovens, estudantes e toda a moçada sempre lutaram e lutam! Citemos, por exemplo, Castro Alves o Poeta Menino que não temeu o império e defendeu os Escravos! Não podemos esquecer Zumbi dos Palmares, o lendário jovem escravo que liderou um dos mais emocionantes focos de resistência da História Brasileira. Não esqueçamos o Jovem Indígena Ajuricaba que liderou a resistência do Povo Manáos contra a escravização imposta pelos portugueses.

Cheguemos, historicamente, mais perto. Por que não lembrar os estudantes que viraram esse país do avesso na década de 1950 dizendo em, alto e bom som, “O Petróleo é Nosso” e exigindo que o Governo Brasileiro declarasse guerra ao Nazi-Fascismo! Não esqueçamos a combativa União Nacional dos Estudantes – UNE, organização que protagonizou e irradiou a voz dos Jovens Brasileiros, tendo papel de liderança na condução de milhões e milhões de brasileiros nas ruas pedindo o Fim da Ditadura e eleições Diretas Já!

Por falar em Ditadura, não devemos esquecer dos Jovens que tiveram a Audácia e a Coragem de largar seu conforto e a faculdade para pegar em Armas em defesa do Povo Brasileiro contra os Militares, surgindo assim a Guerrilha do Araguaia.

Sim! A Juventude participa ativamente das mudanças, luta e fiscaliza. Mas, essa mesma juventude também é capaz de realizar! Citemos grandes jovens estadistas que a História, por vezes, não conta, Alexandre, O Grande, jovem que liderou com grande sabedoria parte significativa do Globo terrestre. Lembremos de Dom Pedro II que tornou-se Imperador com apenas 5 anos de idade, tornou o país, pela primeira vez, uma potência emergente, trazendo para o Brasil o Progresso Industrial e Logístico. A História nos dá vastos exemplos de jovens que lideraram, muito bem, nações inteiras.

“É preciso sonhar. Mas é preciso acreditar no sonho e buscar as condições necessárias para que ele se realize. Sonhos. Acredite neles!” Disse o Jovem Lênin, quando era apenas um estudante que sonhava em mudar o mundo, a partir da Imperial Rússia. Ele sonhou. Seus, também jovens, camaradas sonharam com a possibilidade de um lugar melhor para viver. Assim nasceu a Revolução Russa, a maior Revolução da História da Humanidade, liderada pos jovens sonhadores que não esperaram e fizeram acontecer, resultando na primeira nação dirigida pelo povo!
É... Desde então os jovens têm incendiado o Mundo, Che Guevara, Carlos Mariguella e tantos outros. Ainda Vivemos a ‘Primavera Árabe’ onde a juventude não temeu os Tanques e Canhões e foi às Ruas derrubar governos autoritários.

A Onda mais recente chega ao Brasil, como reflexo de um país que SEMPRE Lutou e NUNCA Dormiu, como reflexo de uma juventude insatisfeita com o sistema e exige mudanças.

A Mudança Real, no mundo todo, ainda não aconteceu. E até lá, continuarão existindo Bravos Jovens que Lutam, Mudam, realizam... Fazem a Revolução!!

Uma armadura chamada escrita

Uma armadura chamada escrita¹
(Luciano Roberto)

            O processo de desenvolvimento humano é algo fantástico. Desde a Pré-História que a humanidade caminha para lugares de aperfeiçoamento, das cavernas para a construção das cidades, do alimento cru, à utilização do fogo para melhorar o sabor, e consequentemente, a sua qualidade de vida. Poderíamos citar diversos exemplos do avanço da humanidade ao longo da história, entretanto, destacaremos a criação e dominação da escrita.

            A escrita tornou-se uma ferramenta de progressão para a humanidade, ou seja, utilizada para materializar ideias e conhecimento, que antes poderiam ser esquecidas, perdidas nas profundezas da memória. Quanto de conhecimento foi enterrado na história da humanidade? O uso da oralidade, apesar da sua importância, não tinha e não tem o poder de conservar o conhecimento, daquilo que podemos chamar na “íntegra”, como a escrita, que é um objeto de registro das ações, criações e inspirações humanas. O que pode ser dito agora, pode se perder daqui a pouco, mas o que é escrito, fica conservado para a s gerações futuras. A escrita, como uma criação humana, acabou por também ser criadora, pois o homem ao ser escritor torna-se um leitor. Surge então uma problemática: o ato de escrever foi criado junto ao ato de ler? Não existe escrita sem um leitor.

             A escrita parece ser algo tão vivo quanto a oralidade, pois ela sofre alterações ao longo do tempo, penso em uma palavra que utilizamos frequentemente, que é o pronome “ele”. No século XIX, escrevia este pronome da seguinte forma “êlle”, já no início do século XX, tirou-se o acento circunflexo e sua escrita passou a ser “elle”, neste mesmo século passou a ser escrito “ele”. Em sua jornada como ferramenta que registra, a escrita acaba por ser aperfeiçoada pelos homens do seu tempo. Walter Ong destaca que “as regras gramaticais vivem no inconsciente no sentido de que podemos saber como usá-las e até mesmo como construir outras novas sem ser capazes de definir o que elas são”. (ONG, 1998, p.97).

             A escrita tem a complexidade de ser amada e odiada. Entre os filósofos de grande destaque da Grécia antiga, Platão demonstra desprezo pela escrita, ao considerar “inumana, pois pretende estabelecer fora da mente o que na realidade só pode estar na mente. É uma coisa, um produto manufaturado” (ONG, 1998, p.94). Este receio em relação ao novo é materializado com a escrita digital do nosso tempo, que é a grande inovação pela qual a escrita passa hoje. Certamente que o mundo digital trouxe várias mudanças no sentido de facilitar a vida contemporânea. Em uma aula do Programa de Pós-Graduação em História, na disciplina Cultura escrita e pesquisa histórica, ministrada pela Professora Dra. Adriana Angelita da Conceição, ocorreu um debate sobre as “facilidades” que a internet trouxe para o ofício do historiador. Alguns alunos argumentaram que a internet, revolucionou a socialização das fontes, isto ocorre quando um determinador “historiador” - destaco entre aspas por não ser necessariamente a responsabilidade de um historiador disponibilizar uma fonte na internet – ao realizar suas pesquisas, permita o acesso das fontes que utilizou para o desenvolvimento do seu trabalho. Não existe nada de errado nesta ação, muito pelo contrário, existem vários sites sérios no mundo digital. O que causa certa preocupação por esta “facilidade”, é o fato de futuros historiadores não buscarem as fontes originais. Dar um alto grau de credibilidade as fontes digitalizadas (que denominei “fontes prostituídas”), acaba por minimizar a responsabilidade do historiador, que é de investigar o passado através das ações humanas. Além de tornar o trabalho de pesquisa algo menos prazeroso. Imagine encontrar um documento digitalizado do século XIX, em uma tela de computador, e imagine ter este mesmo documento em mãos, sentir seu cheiro, seu peso, simplesmente poder tocar. A sensação, certamente é diferente, e o prazer também.

             Não sou contra a tecnologia, a própria escrita é uma forma de tecnologia, mas historiadores que se prezem ainda devem consultar os arquivos, buscar as fontes originais. Em relação a tecnologia há uma fala de Walter Ong onde destaca que “as tecnologias são artificiais, mas – novamente um paradoxo – a artificialidade é natural aos seres humanos. A tecnologia, adequadamente interiorizada, não rebaixa a vida humana, pelo contrário, acentua-a. A orquestra moderna, por exemplo, é resultado de alta tecnologia. Um violino é um instrumento, isto é, uma ferramenta. (…) O uso de uma tecnologia pode enriquecer a psique humana, ampliar o espírito humano, intensificar sua vida interior. A escrita é uma tecnologia ainda mais profundamente interiorizada do que a execução de um instrumento musical. Mas, para compreender o que ela é – o que significa compreendê-la em relação a seu passado, à oralidade -, o fato de que ela é uma tecnologia deve ser encarada com honestidade.” (ONG, 1998, p. 98-99).

             A escrita obteve meios para o seu desenvolvimento. A imprensa foi responsável pela sua divulgação, assim como tornou a escrita acessível para uma maior quantidade de pessoas. É importante destacar a Reforma Protestante, que ao desafiar o poder da Igreja Católica nas primeiras décadas do século XVI, passa a contar com a escrita para divulgar sua opinião sobre o poderio da Igreja, sua corrupção e falta de ética de alguns membros do alto clero. Um belo exemplo são as 95 Teses de Lutero, que foi afixado na porta da igreja de Wittenberg, simbolizando um manifesto público. Martyn Lyons comenta que “el protestantismo era la religión del libro. (...) Los líderes protestantes creían que todos los cristianos debían tener fácil acesso al mensaje de la Biblia. (LYONS, 2012, p. 93). Aumentando um número de leitor, aumentaria certamente a quantidade de publicação de livros, consequentemente a escrita acabava tendo uma importância maior.

A escrita que liberta e revoluciona, também exclui. É o caso dos “analfabetos (os quais constituíam a grande maioria da população) tinham apenas a possibilidade de recorrer a vozes e figuras para se expressarem autonomamente, ainda que, e mesmo assim, tal não obstasse a que, (...), tivessem um acesso e um contato cada vez maiores com o escrito” (BOUZA, 1999, p. 115). Mesmo sem serem leitores, os analfabetos tinham contato com a escrita. Não desejando cometer o pecado do anacronismo, percebemos que os analfabetos do século XXI, convivem com a escrita, é conhecedor do mundo digital, e mesmo assim, vivem e seguem normalmente suas vidas.      

Por outro lado, está se desenvolvendo uma mudança na maneira de expor a escrita. Em uma entrevista cedida a revista Valor Econômico por telefone em abril do ano passado , o historiador francês Roger Chartier, destaca as novas formas de leitura fragmentadas que a sociedade atual está se acostumando na tela do computador, comenta sobre o desafio de encarar esta tecnologia como aliada da escrita e como formadora de novos leitores. Roger Chartier orienta que “a grande novidade me parece ser que o fragmento não está mais necessariamente vinculado ao todo. A leitura descontínua não busca essa relação. E a consequência é que todos os conceitos que associamos com a leitura, com o livro de filosofia, o de história etc. estão desafiados pela tecnologia eletrônica”.

              Concluímos que a cultura escrita sofreu perseguições nos seus primeiros passos. A escrita foi extremamente importante para as transformações sociais ocorridas ao longo dos tempos, sua utilização foi revolucionária para a humanidade. Tem importância incalculável, entre as criações humanas, é extraordinária. Uma armadura chamada escrita, que protegeu e registrou para a história o conhecimento e as ações dos homens.

1. Texto apresentado no trabalho da disciplina Cultura escrita e Pesquisa histórica do Programa de Pós-Graduação em História – UFAM.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O marxismo realmente acabou?

O marxismo realmente acabou?
(Luciano Roberto)

O que nos leva a crer que o marxismo acabou? No mundo dos intelectuais, a ideia de uma ideologia marxista, ou melhor, o termo marxista é quase um palavrão, que faz o mais belo intelectual sentir ânsia, ou simplesmente, sentir-se incomodado. Pensar em tais ideais absurdas e utópicas é uma perca de tempo, alguns pensam. O mundo mudou, o neoliberalismo venceu, a globalização é uma realidade, mas o fantasma de Karl Marx, continua entre nós, pois como autor de "O Capital" não acreditava em Deus, seu espirito continua preso neste mundo, vagando desorientadamente nas mentes de indivíduos que continuam a sofrer com a desigualdade social. 

Os intelectuais não entendem nada de marxismo. O termo intelectualizado chamado "marxismo", desenvolvido pelos intelectuais ditos "marxistas", deve apodrecer. Sim, estes tolos intelectuais, que escreviam e depois passaram a rejeitar as ideias de Karl Marx, não passam de porcos, que comeram, e se sujaram no próprio alimento e excremento produzidos por seus intestinos cerebrais. O grande historiador Ciro Flamarion Cardoso em um artigo publicado na Revista Esboços, nº12 - UFSC, intitulado, "The Group e os estudos culturais britânicos: Edward P. Thompson em contexto", aponta um destes marxistas de casulo, "François Furet - um intelectual que renegou todo o seu passado não somente de membro do Partido Comunista Francês como também de marxista e, mais em geral, de homem de esquerda"[...].(CARDOSO, p.11). A esquerda partidária brasileira, esta como o historiador François Furet, atualmente renega severamente estes ideais. Quantas vezes, ainda lembro, quando muito jovem, estudante do Ensino Fundamental da Escola Municipal Júlia Barjona Labre, localizado no bairro São José, Zona Leste de Manaus, tive curso sobre marxismo ministrado pelo - atual Secretario da Agricultura do Estado, eu acho -, Eron Bezerra (PC do B). Eram cursos marxistas ou lavagens cerebrais? Não sei! O importante é que acabei tendo acesso a livros que jamais iria poder ter naquela época, devido as minhas condições financeiras. Ora, este é o ponto chave e singular: o verdadeiro intelectual comprometido com questões sociais (destaco a desigualdade social), deve socializar o seu bem mais precioso, com aqueles que não possuem, o conhecimento!

O conhecimento é a principal arma do verdadeiro marxista, não a toa o conhecimento desenvolvido por Karl Marx ficou concentrado nas mãos dos "ditos intelectuais". O povo em si, não teve acesso, salve alguns gatos pingados. Esta é a problemática que deve ser enfrentada, questionada e resolvida. O que impediu o povo a ter acesso a compreensão do marxismo? Quem tornou o comunismo um bicho papão? A burguesia, preocupada com os lucros, os operários, no qual muitos não sabiam ler e nem escrever, ou alguns intelectuais que se omitiram? Os intelectuais tinham o dever humanista de levar o conhecimento aos menos favorecidos, de ser a chuva onde havia seca, e de ser sol onde havia apenas escuridão, levar "a igualdade de direito, o reconhecimento efetivo da dignidade da cada um, a concepção da humanidade como comunidade, a tentativa de dar aos povos a possibilidade de controlar o seu destino, a afirmação para todos de um direito de viver, de ser instruído, de realizar seus ideais ( o direito à felicidade) e tantas coisas ainda que formam o ethos da Modernidade, é precisamente isso que o comunismo de Marx se propõe tornar efetivo".(COLLIN, 2008, p.272).

Os ideais marxistas não morreram, apenas sofreu uma paralisia cerebral, esta em coma, mas a cada dia um órgão volta a funcionar, lentamente... ai surge a Primavera Arábe, movimentos na Turquia, na Espanha, na Grécia, na Líbia, no Egito, e quem sabe, o perfume da revolução chegue ao Brasil, e será o momento em que todos os políticos corruptos sentirão a força do povo, defecarão em suas calças de tanto medo, sentirão o peso da verdadeira justiça, e todos aqueles que enganaram e roubaram o povo irão apodrecer nas cadeias públicas do nosso país. Karl Marx e Friedrich Engels cometeram, em minha opinião, um equivoco ao convocar os proletariados na celebre frase do livro "Manifesto do Partido Comunista", que convoca os "proletários de todos países, uni-vos!", ele deveria ter convocados os intelectuais, e a sua famosa frase hoje seria assim: "intelectuais do mundo inteiro, uni-vos! e leve a ideologia comunista para as massas proletárias".

Pa[po]piro

Pa[po]piro: um novo papiro de papo e piração

Pa[po]piro: um novo papiro de papo e piração

 Pa[po]piro é um espaço criado para interrogar as pirações do mundo atual. Questionar de um ponto de vista "cabeça", problematizar, criticar e (as vezes), apontar solução.

É direcionado para todos aqueles que amam o mundo, que busca a utopia, que piram com  poesia, história, filosofia, sociologia, literatura, pedagogia, antropologia, e todas as orgias que rondam a humanidade.

No momento, estou aprendendo a usar esta ferramenta de comunicação e socialização de conhecimento, ainda com as dificuldades, ainda sendo "internet-alfabetizado", mas cheio de curiosidade. 

A vida é assim, todo dia aprendemos alguma coisa.

Neste momento em que o Brasil recebe a visita do Papa Francisco, para participar  da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), temos um grande debate sobre a revalidação dos diplomas de médicos estrangeiros. É sobre este assunto, o nosso primeiro texto: Por que os médicos não têm o apoio do povo?
 
Desde os tempos antigos 2500 a.C., que os egípcios desenvolveram a técnica de fabricar folhas de papiro,  agora temos o blog Pa[po]piro!



Por que os médicos não têm o apoio do povo?
(Luciano Roberto)

Muito simples responder esta interrogação: porque muitos médicos - não todos - são negligentes ao atendimento de qualidade e responsabilidade com o povo. Veja este exemplo: uma criança é levada até o hospital para ser consultada com o rosto inchado, imediatamente, sem consultar, nem ao menos observar a criança, o médico conclui que é uma alergia. Indica uma lista de remédios para a mesma criança. Até aí, tudo bem! O problema é que mais tarde, descobre-se que o rosto inchado da criança não é consequência de alergia, mas de um tumor que desenvolveu-se na parte interna da sua narina. É importante ressaltar que quando foi descoberto o problema do inchaço, causado por um tumor e não pela alergia, a criança já havia engerido o remédio consultado pelo médico do hospital público.

Vamos supor, de maneira leiga, que os remédios sem necessidade indicado pelo médico tivesse trazido consequências sérias para a saúde da criança? O que fazer? Este é apenas um simples exemplo de negligência médica que citei. Poderia sem nenhuma dificuldade escrever dezenas de laudas do descaso médico com o povo. Quem nunca passou por constrangimento diante de um médico de hospital público? Acontece mais ou menos assim: o cidadão vai até uma unidade hospitalar com fortes dores no estômago, o(a) médico(a) na sua sala usando o seu iPhone Galaxy de última geração, coloca-o dentro da gaveta de sua mesa, dar uma olhada geral em você - caso esteja usando um calção ou sandálias, melhor então fechar a gaveta onde esta guardado o galaxy -, então começa a consulta. Pergunta de cabeça abaixada olhando para o facebook do seu galaxy, escrevendo sabe Deus o quê:

_ O que você tem?

_Sabe doutor(a) eu tou com dor de barriga?

Imediatamente vem a resposta do(a) médico(a):

_Pode ser verme ou gases, mas tenho certeza que é virose. Passe na enfermaria e peque dipirona em gota...

Antes tivesse tomado um chá de casca de laranja. Não sei se esta situação ocorre em outros postos médicos de Manaus, mas na Zona Leste, falo por experiência!

Ninguém vai a um hospital por prazer, as pessoas vão ao hospital em busca de ajuda. Para ser honesto, até são ajudadas, só que parece ser uma ajuda de "má vontade". Assisti uma entrevista  (em uma determinada emissora de televisão, em um determinado jornal da determinada emissora que não vou citar o nome... entendeu alguma coisa? nem eu!), do ex-ministro de Saúde Adib Jatene. O ex-ministro fez o seguinte comentário: "Ninguém é médico por status ou para ganhar dinheiro. É médico para ajudar as pessoas". Acabei de escrever a fala do ex-ministro Adib Jatene com lágrimas nos olhos. 
 
Alguns médicos esqueceram do seu verdadeiro ofício: ajudar as pessoas, não só pensar em ganhar dinheiro. Sou sabedor que a rotina de alguns médicos são extremamente exaustivos, trabalham em um hospital aqui, outro ali, outro acolá... mas seus salários não são tão miseráveis, ao ponto de não poderem viver dignamente e confortavelmente. São diversas questões a serem debatidas: status, dinheiro, respeito, dignidade, profissionalismo, competência, compromisso, etc. O povo quer apenas respeito! Ser tratado com respeito! Ser cuidado com respeito!

O Projeto Mais Médico Para o Brasil, ainda não é a solução. Contudo, trazer médicos estrangeiros é uma tentativa positiva do governo da presidenta Dilma Rousseff. Sim, as periferias precisam de médicos, sim o interior e os ribeirinhos precisam de médicos. Validar ou não validar os diplomas dos médicos estrangeiros, eis a questão. Pura hipocrisia! O salário de um médico no interior é cerca de R$ 10 mil reais e mais alguns benefícios. Argumentar que não querem trabalhar no interior, apenas por falta de estrutura física, não é pura verdade por parte dos profissionais da saúde. Existem hospitais na capital que estão caindo aos pedaços e os médicos querem continuar trabalhando lá. Por quê?

Bem, voltando ao primeiro parágrafo deste texto, a criança que cito como exemplo, chama-se Maria Vitória, minha filha. Felizmente o remédio que o médico irresponsável passou para curar equivocadamente a alergia, não deu em nada, apenas gerou um sentimento de impunidade. Naquele dia ele receitou um remédio para alergia erradamente, hoje ele pode receitar outro remédio errado, que possa causar danos maiores. Médico não é Deus, mas se ele tivesse ao menos levantado da sua cadeira e ter olhado com mais atenção o rosto da Maria, talvez ele poderia ter percebido que não se tratava de alergia, então não teria passado os remédios. Sei da importância de um médico, mas também sei da carência do povo. Se os médicos estrangeiros podem ajudar a melhorar a qualidade da saúde em nosso Estado e no Brasil, então digo bem alto, em bom tom:

Sejam bem vindos médicos cubanos, chilenos, argentinos, espanhóis!!!... e tratem o povo como ele merece: com RESPEITO!