Pa[po]piro: um novo papiro de papo e piração
Pa[po]piro é um espaço criado para interrogar as pirações do mundo atual. Questionar de um ponto de vista "cabeça", problematizar, criticar e (as vezes), apontar solução.
É direcionado para todos aqueles que amam o mundo, que busca a utopia, que piram com poesia, história, filosofia, sociologia, literatura, pedagogia, antropologia, e todas as orgias que rondam a humanidade.
No momento, estou aprendendo a usar esta ferramenta de comunicação e socialização de conhecimento, ainda com as dificuldades, ainda sendo "internet-alfabetizado", mas cheio de curiosidade.
A vida é assim, todo dia aprendemos alguma coisa.
Neste momento em que o Brasil recebe a visita do Papa Francisco, para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), temos um grande debate sobre a revalidação dos diplomas de médicos estrangeiros. É sobre este assunto, o nosso primeiro texto: Por que os
médicos não têm o apoio do povo?
Desde os tempos antigos 2500 a.C., que os egípcios desenvolveram a técnica de fabricar folhas de papiro, agora temos o blog Pa[po]piro!
Por que os
médicos não têm o apoio do povo?
(Luciano
Roberto)
Muito
simples responder esta interrogação: porque muitos médicos - não
todos - são negligentes ao atendimento de qualidade e
responsabilidade com o povo. Veja este exemplo: uma criança é
levada até o hospital para ser consultada com o rosto inchado,
imediatamente, sem consultar, nem ao menos observar a criança, o
médico conclui que é uma alergia. Indica uma lista de remédios
para a mesma criança. Até aí, tudo bem! O problema é que mais
tarde, descobre-se que o rosto inchado da criança não é
consequência de alergia, mas de um tumor que desenvolveu-se na
parte interna da sua narina. É importante ressaltar que quando foi
descoberto o problema do inchaço, causado por um tumor e não pela
alergia, a criança já havia engerido o remédio consultado pelo
médico do hospital público.
Vamos
supor, de maneira leiga, que os remédios sem necessidade indicado
pelo médico tivesse trazido consequências sérias para a saúde da
criança? O que fazer? Este é apenas um simples exemplo de
negligência médica que citei. Poderia sem nenhuma dificuldade
escrever dezenas de laudas do descaso médico com o povo. Quem nunca
passou por constrangimento diante de um médico de hospital público?
Acontece mais ou menos assim: o cidadão vai até uma unidade
hospitalar com fortes dores no estômago, o(a) médico(a) na sua
sala usando o seu iPhone Galaxy de última geração, coloca-o dentro
da gaveta de sua mesa, dar uma olhada geral em você - caso esteja
usando um calção ou sandálias, melhor então fechar a gaveta onde
esta guardado o galaxy -, então começa a consulta. Pergunta de
cabeça abaixada olhando para o facebook do seu galaxy, escrevendo
sabe Deus o quê:
_ O que
você tem?
_Sabe
doutor(a) eu tou com dor de barriga?
Imediatamente
vem a resposta do(a) médico(a):
_Pode
ser verme ou gases, mas tenho certeza que é virose. Passe na
enfermaria e peque dipirona em gota...
Antes
tivesse tomado um chá de casca de laranja. Não sei se esta situação
ocorre em outros postos médicos de Manaus, mas na Zona Leste, falo
por experiência!
Ninguém
vai a um hospital por prazer, as pessoas vão ao hospital em busca de
ajuda. Para ser honesto, até são ajudadas, só que parece ser uma
ajuda de "má vontade". Assisti uma entrevista (em uma determinada emissora de televisão, em um determinado
jornal da determinada emissora que não vou citar o nome... entendeu
alguma coisa? nem eu!), do ex-ministro de Saúde Adib Jatene. O
ex-ministro fez o seguinte comentário: "Ninguém é médico por
status ou para ganhar
dinheiro. É médico para ajudar as pessoas". Acabei de escrever
a fala do ex-ministro Adib Jatene com lágrimas nos olhos.
Alguns
médicos esqueceram do seu verdadeiro ofício: ajudar as pessoas, não
só pensar em ganhar dinheiro. Sou sabedor que a rotina de alguns
médicos são extremamente exaustivos, trabalham em um hospital aqui,
outro ali, outro acolá... mas seus salários não são tão
miseráveis, ao ponto de não poderem viver dignamente e
confortavelmente. São diversas questões a serem debatidas: status,
dinheiro, respeito, dignidade, profissionalismo, competência,
compromisso, etc. O povo quer apenas respeito! Ser tratado com
respeito! Ser cuidado com respeito!
O Projeto Mais Médico Para o Brasil, ainda não é a solução.
Contudo, trazer médicos estrangeiros é uma tentativa positiva do
governo da presidenta Dilma Rousseff. Sim, as periferias precisam de
médicos, sim o interior e os ribeirinhos precisam de médicos.
Validar ou não validar os diplomas dos médicos estrangeiros, eis a
questão. Pura hipocrisia! O salário de um médico no interior é
cerca de R$ 10 mil reais e mais alguns benefícios. Argumentar que
não querem trabalhar no interior, apenas por falta de estrutura
física, não é pura verdade por parte dos profissionais da saúde.
Existem hospitais na capital que estão caindo aos pedaços e os
médicos querem continuar trabalhando lá. Por quê?
Bem,
voltando ao primeiro parágrafo deste texto, a criança que cito como
exemplo, chama-se Maria Vitória, minha filha. Felizmente o remédio
que o médico irresponsável passou para curar equivocadamente a
alergia, não deu em nada, apenas gerou um sentimento de impunidade.
Naquele dia ele receitou um remédio para alergia erradamente, hoje
ele pode receitar outro remédio errado, que possa causar danos
maiores. Médico não é Deus, mas se ele tivesse ao menos levantado
da sua cadeira e ter olhado com mais atenção o rosto da Maria,
talvez ele poderia ter percebido que não se tratava de alergia,
então não teria passado os remédios. Sei da importância de um
médico, mas também sei da carência do povo. Se os médicos
estrangeiros podem ajudar a melhorar a qualidade da saúde em nosso
Estado e no Brasil, então digo bem alto, em bom tom:
Sejam bem vindos médicos cubanos, chilenos, argentinos,
espanhóis!!!... e tratem o povo como ele merece: com RESPEITO!
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