sábado, 19 de novembro de 2016

Zumbi dos Palmares vive em cada um de nós!

(Luciano Roberto)

Alunos caracterizados do 2º 04.

Navio Negreiro
(Castro Alves 1847- 1871)

[...]

IV

"Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs!"¹ 

[...]

Aconteceu ontem [18], o evento realizado pela Escola Estadual Gilberto Mestrinho. Com o tema: "Zumbi dos Palmares vive em cada um de nós", o evento tinha como objetivo realizar uma reflexão com toda a comunidade estudantil sobre o Dia da Consciência Negra.

O evento foi realizado nos turnos matutino, vespertino e noturno. No turno matutino, teve a coordenação da Professora de História Francirleth Gomes,  o trabalho foi desenvolvido na própria escola.

A novidade desde ano, foi a tentativa de levar o evento para fora dos muros da escola. Os turnos vespertino e noturno, sobre a coordenação do Professor de História Luciano Roberto, com o apoio dos demais professores e o interesse dos alunos, levaram a ideia adiante.

Os trabalhos foram realizados na "Quadra Poliesportiva do Bairro Colônia Antônio Aleixo", conhecida como a "Quadra da Praça", local central do bairro.

Com as portas abertas para que a comunidade pudessem entrar e sair, o primeiro evento deste porte, foi considerado por muitos que estavam presentes, um sucesso. Diversas apresentações ocorreram no evento como: dança, teatro e música.

Aluno do turno noturno e um dos responsáveis pela ornamentação do evento, Leonardo Vasconcelos, 20 anos, aluno do Ensino Médio 2º 03, comentou que "estava feliz em fazer as pessoas pensarem em direitos iguais para todos. Ninguém é melhor do que o outro".

O Dia da Consciência Negra é realizado no "dia 20 de novembro faz menção à consciência negra, a fim de ressaltar as dificuldades que os negros passam há séculos. A escolha da data foi em homenagem a Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares, em consequência de sua morte. Zumbi foi morto por ser traído por Antônio Soares, um de seus capitães. A localização do quilombo ficava onde é hoje o estado de Alagoas, na Serra da Barriga"².

O racismo é fruto de ignorância. É necessário que a sociedade e seus mecanismos sociais, como a própria escola, possa combater esta ignorância que ainda assusta a todos, em pleno século 21.

Cultura, culinária, religião, foram tantas heranças deixadas pelos nossos antepassados afro-brasileiros, que Zumbi dos Palmares não morreu, vive em cada um de nós!


Zumbi dos Palmares vive em cada um de nós
Em 10 imagens

I
Professores da Escola GM

II
Professores da Escola GM

III

IV


V

VI

VII

VIII

IX

X





Referência:

¹ http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm (Acessado: 19/11/2016).

²http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-nacional-consciencia-negra.htm
(Acessado: 19/11/2016).




        

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Carta de um seringueiro - 1901

(Luciano Roberto)

O sangue misturado nas águas do Rio Amazonas

Euclides da Cunha (1866-1909), o imortal autor da obra Os Sertões, escreveu o seguinte: "De feito, o seringueiro, e não designamos o patrão opulento, senão o freguês jungido à gleba das “estradas”, o seringueiro realiza uma tremenda anomalia: é o homem que trabalha para escravizar-se"¹. A escravidão havia acabado a cerca de 16 anos, quando o escritor pisou em solo amazonense.

Euclides da Cunha chegou em Manaus em 1904. Foi da sua vivência na Amazônia que escreveu o livro que trás a frase acima, chamado À margem da História.

Euclides da Cunha descreveu como ninguém o sofrimento do seringueiro, do nordestino que aqui chegava e era logo chamado de arigó. 

Muitos nordestinos vieram para a Amazônia na esperança de encontrar uma vida melhor. "Calcula-se que cerca de 300 mil imigrantes teriam provindo do Nordeste entre 1870 e 1920, em diferentes momentos"². Muitos vieram do Ceará, Maranhão entre outros Estados.

Vou relatar uma epístola de um seringueiro em 1901. A carta é apenas uma ficção literária com contexto histórico de minha autoria. A ortografia é do nosso tempo, as perspectivas são tão anacrônicas quanta a distância daquele que escreveu na história, o seu próprio sofrimento: o seringueiro.

Do meio do Seringal, 29 de agosto de 1901.

     Querida mamãe, 

Espero e desejo de todo o meu coração que a Senhora goze de boa saúde. No momento em que escrevo, meus olhos se perdem no infinito do Rio Amazonas. Não sei bem onde estou, só sei que estou no meio do seringal.

Mamãe agradeça a tia Raimunda por ter me ensinado a ler e a escrever. Não sabia que tais habilidades eram tão perigosas. Ler e escrever no seringal é perigoso mamãe. Estou escrevendo escondido. O proprietário do barracão é um português cruel, chama-se seu Oliveira. Engana os seringueiros que têm de comprar os seus produtos.

O barracão é como uma quitanda, é o lugar onde compramos mantimentos para sobreviver,  como jabá, farinha, pólvora e cachaça para espantar a solidão. Aqui, a maioria dos seringueiros bebem cachaça. Eu comecei a beber. O papai não bebia?

Seu Oliveira é um português esperto. Vende fiado para todos os seringueiros, mas na ora de notar na sua caderneta, sempre aumenta. Se comprar um pedaço de jabá, ele anota três quilos. Ninguém reclama, a grande maioria dos seringueiros são analfabetos. E os que sabem ler e escrever, fingem não saber, assim como eu.

O que podemos fazer mamãe? Não há outro jeito de comprar nossos mantimentos. O jeito é comprar fiado no barracão do ladrão português, seu Oliveira. Aliás, até tem um jeito de fugir da exploração do seu Oliveira, que é trocar borracha com o regatão. Os regatões são pequenos barcos de comerciantes que aparecem nas noites escuras, trocando mercadoria por borracha com o seringueiro.

Mas é muito perigoso. Se os capangas do seringalista pegar o serigueiro fazendo negócio com o regatão, pode ter certeza, que é morte na certa. O seringalista mamãe, é o proprietário das terras onde estão as seringueiras.  

Estou exausto mamãe! Por que não escutei a senhora? Por que não fiquei mesmo no Ceará? Com todas as dificuldades que deixei aí, a vida ainda era melhor. Tinha minha terrinha, no tempo de seca era uma miséria, mas no tempo de chuva, via o sertão verdinho. Plantava arroz, feijão, milho, era comida farta mamãe. Quantas saudades!

Mamãe as seringueiras são árvores que choram. Nós, os seringueiros fazemos um corte na horizontal nelas, então desce um líquido chamado látex. O látex passa por um processo de vulcanização e torna-se borracha. A borracha vai para Manaus, uma cidade que está crescendo muito por causa da economia da borracha. Vi outro dia seu Oliveira comentar que os barões da borracha acendem seus charutos com notas de cem mil réis. Será que é verdade mamãe? 

Manaus surgiu no meio da floresta! E aqui estou no meio do seringal! Enquanto uns enriquecem, outros morrem na miséria, como eu mamãe. Nossa vida aqui é dura. As quatro horas da manhã já estamos em pé. Nossas roupas são farrapos. Saímos em pequenos grupos no enorme seringal.

O medo é grande, pois a floresta é cheio de mistérios. Tem onças, mas existem bichos pequeninos que são mais perigosos, como o mosquito da malária. Mamãe já vi cabra macho, com febre alta e tremer de frio. Chorando feito criança, numa rede imunda, até morrer. É triste demais! Eu quero voltar para casa mamãe, mas sinto que nunca mais irei sentir o seu cheiro, seu olhar piedoso e seu abraço acolhedor.

Por que não ouvi a senhora? Ainda escuto a sua voz me dizendo: "Não vai meu filho! Este tal de Amazônia é longe demais! Fique aqui! Já passamos por tantas dificuldades, a pobreza é apenas um jeito de Deus, nosso Senhor, testar a nossa fé". Nunca esqueci suas palavras. 

Mas eu era ambicioso demais mamãe, queria ficar rico. Quando ouvi falar do ouro branco da borracha, não lhe escutei.

Mamãe sei que esta carta não chegará até a Senhora. Perdoe o asno do seu filho. Quando o papai morreu, o sertão também morreu pra mim.

Estou tão triste mamãe. Queria deitar em seus braços agora. Queria que a senhora pudesse ver a beleza do Rio Amazonas. É lindo mamãe! O sol daqui é valente e forte como o sol do nosso sertão.

A peixeira do papai que trouxe comigo, continua afiada feito uma adaga, como ele costumava falar. Acabei de usar ela em meus punhos. O meu sangue corre com as águas do Rio Amazonas, misturam-se e tornam-se apenas um.

Mamãe perdoe o teu filho! Perdoa mãezinha...  





  



Referência:

¹ https://euclidesite.wordpress.com/category/frases/a-margem-da-historia/ (acessado: 17/11/2016).

² FILHO, Raimundo Pereira Pontes. Estudos de História do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2000 (pág.133).

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Violência estúpida!

(Luciano Roberto)

Homenagem ao motorista Feitosa de Amorim Félix 

Recebi um telefonema. Era a minha mãe, D. Belinha 59 anos, como é conhecida. Sua voz estava trêmula e baixa, não precisava está próximo para sentir sua tristeza. Aliás, também acordei com esta tristeza em minha alma.

D. Belinha ligou para avisar que não poderá compartilhar do almoço que eu prometi a ela: "pernil de carneiro assado no forno". Minha mãe é cearense, nordestina que guarda suas raízes culturais.

Ela não virá para almoçar. Vai ao enterro do seu colega de trabalho, o motorista de ônibus coletivo Feitosa de Amorim Félix, 41 anos. No último domingo [13], ocorreu o assalto ao ônibus 093, no bairro do Zumbi, Zona Leste de Manaus.

Três jovens estúpidos tiraram a vida do motorista enquanto trabalhava e acabaram com a vida dos seus familiares. Não vale a pena escrever os nomes dos assassinos.

Minha mãe é cobradora de ônibus coletivo. Deus sabe o quanto tenho orgulho da sua profissão, da sua honra, da sua luta, da sua honestidade e do seu caráter. Seu ofício me levou a uma universidade.

Por duas vezes minha mãe foi assaltada no seu trabalho.  Bandidos idiotas, tolos, marginais ignorantes, entram em um ônibus e não têm nada a perder. Pois, qual lucro se tem em roubar um ônibus coletivo?

Cinquenta? Cem? Trezentos? Quinhentos reais? Não é possível que a vida de alguém possa valer alguma quantia? A vida humana vale muito mais do que qualquer dinheiro do mundo!

No caso do motorista Feitosa, R$ 55,00! Assassinos! Monstros! Mataram um pai de família pelo prazer de matar, não há outra explicação. Segundo relatos dos jornais, o motorista não conseguia abrir a porta do ônibus, o terceiro indivíduo que esfaqueou o motorista,  ainda está foragido.

A violência em Manaus anda extrapolando o limite da convivência social. Trabalhadores vão para os seus trabalhos, mas não sabem se irão retornar para seus filhos, maridos e esposas. O Estado assisti a tudo, mas nada faz. Onde está o "Projeto Ronda nos Bairros"? Onde está a valorização dos policiais militares e civis que combatem o crime? O Estado tem obrigação de proporcionar segurança aos cidadãos de bem.

Quem vai enxugar as lágrimas da esposa do motorista Feitosa? Quem vai consolar os filhos que perderam o pai? E se a cobradora não tivesse corrido e descido pela porta detrás do ônibus, teríamos dois enterros?

Meu Deus, tantas interrogações! Quanta violência estúpida!

Hoje, o Cemitério do Tarumã testemunhará mais uma vez o choro incontido dos entes queridos do motorista Feitosa, o chão do Tarumã será regado pelas lágrimas de sua esposa e dos seus filhos, e o único barulho, será o  estampido do barro caindo sobre o caixão, numa cova rasa.

Justiça!






segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Autismo: um espectro para ser vencido nas escolas públicas

(Luciano Roberto)

Transtorno do Espectro Autista - TEA

A primeira vez que ouvir falar sobre "autismo", foi no Centro Educacional Santa Teresinha - CEST, tradicional escola da nossa cidade, localizada na avenida 7 de Setembro, Centro de Manaus. No momento do intervalo, na sala dos professores, a Professora Simone Helen Drumond comentava o assunto com entusiasmo, na primeira década de 2000.

Confesso que não dei a mínima atenção ao assunto. Mal sabia, que um dia iria me arrepender devido a minha ingênua ignorância.

Este ano tive como desafio em sala de aula, dois alunos autistas: Bob e Kika [nomes fictícios das crianças]. São alunos da Escola Municipal São Luiz, bairro Colônia Antonio Aleixo, Zona Leste. Elas estão no 3º Ano do Ensino Fundamental 1.

Bob e Kika me fizeram estudar! Não tinha conhecimento sobre como lidar com crianças autistas, fui em busca de informação. O primeiro passo foi ir atrás de livros que tratassem da temática. Fui numa das maiores livrarias de Manaus, e para minha surpresa, encontrei apenas o livro do Dr. Gustavo Teixeira, "Manual do Autismo". Fiquei decepcionado e assustado.

Então, direcionei a minha pesquisa para internet. Encontrei a Revista Autismo, onde havia uma entrevista com Temple Grandin. A reportagem começa anunciando "Temple Grandin é uma fonte de inspiração para inúmeras famílias e profissionais ao redor do mundo. Atualmente ela é a mais bem sucedida e célebre profissional norte-americana com autismo, altamente respeitada no segmento de manejo pecuário"¹.

Na entrevista Temple Grandin afirmou que "na escola era motivo constante de chacota e vivia triste. O único refúgio longe das provocações eram atividades práticas como passeios a cavalo e o laboratório de eletrônica. As crianças que gostavam dessas atividades não me importunavam. Essas atividades eram os refúgios das provocações. Mamãe foi capaz de me ensinar a cumprir horários e ter boas maneiras, mas ela não foi capaz de me obrigar a estudar. Não me senti motivada a estudar até ter uma razão para isso. Quando estava na escola eu não via sentido em estudar. Existiam certos tópicos em que ganhava nota máxima, como em biologia e outros assuntos como inglês e história nos quais eu não tinha interesse. Meu professor de ciências, sr. Carlock, foi peça-chave em me motivar a estudar"².

A frase "Meu professor de ciências, sr. Carlock, foi peça-chave em me motivar a estudar", acabou me motivando! Não tinha os recursos, mas tinha a motivação. Vale a pena ler a entrevista na integra!

Em minhas pesquisas na internet encontrei um vasto material disponibilizado para trabalhar com crianças com autismo, advinha por quem? Professora Simone Helen Drumond. Para escrever este texto, acabei entrando em contato com a professora Simone, que considero umas das grandes estudiosas do assunto em Manaus. 

Ela fez o seguinte comentário: "Trabalho com autistas em diversas fases da Síndrome e de desenvolvimento de habilidades. Autistas possuem uma maneira diferente de SER e ESTAR no mundo, mas são estrelinhas azuis que possuem habilidades latentes que quando descobertas os permitem transcender. O caminho para essa perspectiva não é fácil, mas é um caminho possível". O conhecimento sempre é possível!
      
O que é Autismo?

Autismo, nome popular que damos ao Transtorno do Espectro Autista [TEA].  O TEA é um transtorno de neurodesenvolvimento, ou seja, a criança com TEA tem meios e maneiras de desenvolver suas habilidades quanto aprendizagem. Elas aprendem, mas têm seu momento para aprender. Não são diferentes, são iguais como qualquer outra criança.

É importante destacar que "o autismo aparece antes dos 3 anos de idade e permanece na idade adulta. Porém suas manifestações podem ser, em muitos casos, notavelmente atenuadas através de programas adequados de intervenção psico-educativa. De cada mil crianças, aproximadamente, uma é autista"³.

Trabalhar com uma criança com TEA exige atenção, aprendizagem e dedicação, é algo grandioso, te faz enxergar que a vida pode ser muito mais simples do que pensamos. Mas não é tão fácil!

Bob 

O Bob sempre leva um personagem para a sala de aula: Pica-pau, Alves dos esquilos, Rocky Balboa, entre outros. No começo do ano ele só falava do Scooby-Doo, o famoso cão dinamarquês medroso do Salsicha - ou seria o Salsicha que pertence ao Scooby-Doo?  A primeira sacada foi trabalhar com o desenho do Scooby-Doo. Tirei uns desenhos da internet, recortei em círculos e atrás escrevi as letras do seu nome.

No começo do ano o Bob não sabia manipular o lápis na mão. Hoje escreve o seu nome, copia, desenha melhor do que seu professor e teve um avanço muito bom. Tão bom que sua mãe me pediu para dar o meu número do celular para a psicologa que acompanha ele. Permiti.

Caso a psicologa ligue perguntando o que eu fiz para o Bob avançar? Já tenho a resposta na ponta da língua: Nada, apenas tratei ele igual a todos os outros alunos! 

Mas nem tudo é flores! Há momentos de crises, um desses momentos é de risos altos e constantes do Bob, e trabalhar com essas crises é complicado. Nada que um abraço não resolva. A solidariedade dos outros alunos com ele é algo fantástico de ver. Os meninos ajudam o Bob amarrar o cadarço do sapato, sua coordenação motora é falha. Quando o Bob quer ir ao banheiro, não deixo ele ir sozinho, tem sempre uma dúzia de voluntários querendo acompanhar ele.

Ouve avanços durante este ano letivo, mas é preciso que o Bob torne-se independente, leia e escreva como qualquer outra criança da sua idade.

Kika

A mãe da minha aluna Kika me deixou emocionado. Sou emotivo e não tenho vergonha. Ela relatou que a Kika não falava, não tinha relação social. Tinha o seu próprio mundo. Não gostava de ir para escola. E que melhorou bastante este ano. Que a Kika só fala do meu nome em casa e que o pai dela morre de ciúmes do tal professor Luciano.

A Kika é super show, tem uma capacidade de concentração incrível. Vou relatar um dos trabalhos que realizei com ela em sala de aula. Fiz um desenho de um sapato num pedaço de cartolina, do tamanho de uma folha de papel ofício A4.

Recortei o desenho em 6 partes. Ela consegui montar em 10 minutos. O tempo neste caso é irrelevante. Cortei mais uma vez o desenho, agora em 8 partes. Novamente gastou dez minutos para juntar as peças. Aumentei a dificuldade, ela passou a gastar mais tempo, mas sempre conseguiu montar. Minha conclusão é que Kika tem uma grande capacidade de concentração e tem condições de ler e escrever. Sua letra é zelosa, faz todas as atividades.

Não é mais calada, é assídua em todas as atividades realizadas em sala de aula. Brinca, corre, fofoca com as outras meninas e dança muito!

Já faz alguns dias que queria escrever sobre o Transtorno do Espectro Autista. Escrevi este texto, que não passa de um relato resumido e pessoal da minha experiência em sala de aula com dois alunos autistas. Permiti várias lacunas quanto ao tema, para serem preenchidas por novas reflexões no futuro próximo.

Sei que muito ainda deve ser feito em nossas escolas em relação à Política Pública de Inclusão, existem leis que aparam os profissionais de educação e alunos especiais, agora é preciso estudá-las!    








¹ http://www.revistaautismo.com.br/RevistaAutismo003.pdf (acessado: 14/11/2016).

² Idem (acessado: 14/11/2016).

³ SURIAN, Luca. Autismo: informações essenciais para familiares, educadores e profissionais de saúde. São Paulo: Paulinas, 2010. (pág. 9)