(Luciano Roberto)
Homenagem ao motorista Feitosa de Amorim Félix
Recebi um telefonema. Era a minha mãe, D. Belinha 59 anos, como é conhecida. Sua voz estava trêmula e baixa, não precisava está próximo para sentir sua tristeza. Aliás, também acordei com esta tristeza em minha alma.
D. Belinha ligou para avisar que não poderá compartilhar do almoço que eu prometi a ela: "pernil de carneiro assado no forno". Minha mãe é cearense, nordestina que guarda suas raízes culturais.
Ela não virá para almoçar. Vai ao enterro do seu colega de trabalho, o motorista de ônibus coletivo Feitosa de Amorim Félix, 41 anos. No último domingo [13], ocorreu o assalto ao ônibus 093, no bairro do Zumbi, Zona Leste de Manaus.
Três jovens estúpidos tiraram a vida do motorista enquanto trabalhava e acabaram com a vida dos seus familiares. Não vale a pena escrever os nomes dos assassinos.
Minha mãe é cobradora de ônibus coletivo. Deus sabe o quanto tenho orgulho da sua profissão, da sua honra, da sua luta, da sua honestidade e do seu caráter. Seu ofício me levou a uma universidade.
Por duas vezes minha mãe foi assaltada no seu trabalho. Bandidos idiotas, tolos, marginais ignorantes, entram em um ônibus e não têm nada a perder. Pois, qual lucro se tem em roubar um ônibus coletivo?
Cinquenta? Cem? Trezentos? Quinhentos reais? Não é possível que a vida de alguém possa valer alguma quantia? A vida humana vale muito mais do que qualquer dinheiro do mundo!
No caso do motorista Feitosa, R$ 55,00! Assassinos! Monstros! Mataram um pai de família pelo prazer de matar, não há outra explicação. Segundo relatos dos jornais, o motorista não conseguia abrir a porta do ônibus, o terceiro indivíduo que esfaqueou o motorista, ainda está foragido.
A violência em Manaus anda extrapolando o limite da convivência social. Trabalhadores vão para os seus trabalhos, mas não sabem se irão retornar para seus filhos, maridos e esposas. O Estado assisti a tudo, mas nada faz. Onde está o "Projeto Ronda nos Bairros"? Onde está a valorização dos policiais militares e civis que combatem o crime? O Estado tem obrigação de proporcionar segurança aos cidadãos de bem.
Quem vai enxugar as lágrimas da esposa do motorista Feitosa? Quem vai consolar os filhos que perderam o pai? E se a cobradora não tivesse corrido e descido pela porta detrás do ônibus, teríamos dois enterros?
Meu Deus, tantas interrogações! Quanta violência estúpida!
Hoje, o Cemitério do Tarumã testemunhará mais uma vez o choro incontido dos entes queridos do motorista Feitosa, o chão do Tarumã será regado pelas lágrimas de sua esposa e dos seus filhos, e o único barulho, será o estampido do barro caindo sobre o caixão, numa cova rasa.
Justiça!
Justiça!
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