No próximo dia 24 de outubro, a nossa querida Manaus fará 347 anos. Uma cidade acolhedora, que recebe a todos de braços abertos. Parabéns querida Manaus! Mas hoje vou falar de um dos teus filhos, o Bairro Colônia Antônio Aleixo.
Nenhum bairro em Manaus é comparado ao Colônia Antônio Aleixo. Sua história, sua gente, suas vitórias e sofrimentos são particularidades deste lugar.
A comunidade Colônia Antônio Aleixo está localizada na Zona Leste de Manaus. É um bairro com características de um pequeno município. Fica aproximadamente a 35 Km do centro da nossa cidade. Situa-se ao lado do Lago do Aleixo, próximo ao encontro dos Rios Negro e Solimões.
Não a toa, sua história está ligada a um período importante da História de Manaus, que é a decadência do ciclo econômico da borracha, quando "em 1930, o presidente Getúlio Vargas ordenou a construção de 16 pavilhões que abrigariam os nordestinos trazidos para reativar os seringais da Amazônia"¹, na região que seria o atual bairro.
O Ciclo da Borracha, que havia trazido prosperidade e progresso a Manaus no final do século 19, e na primeira década do século 20, entrava em decadência por não poder competir economicamente com a produção da borracha na Ásia.
O furto de 7 mil mudas de seringueiras roubadas pelo inglês Sir Henry Wickham foi a maior extorsão de biopirataria da história da Amazônia. Terminava assim, o ciclo da economia gomífera no Amazonas. Houve uma tentativa de reanimar a mesma economia durante a Segunda Guerra Mundial (1939 -1945), momento em que os Estados Unidos passaram a comprar nossa borracha, mas com o fim da guerra, chegava o fim o sonho de outrora da belle époque manauara.
Em 1942, o mundo vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial, surgia o Leprosário Colônia Antônio Aleixo. A Colônia surgiu como espaço de segregação e marginalização. A hanseníase, uma doença registrada até mesmo nos textos bíblicos, tem sua origem na Antiguidade e chega ao auge nos séculos 19 e 20, com o desenvolvimento das indústrias.
Durante quatros décadas a Colônia foi um leprosário. Existem relatos de seus antigos moradores que muitas famílias foram separadas graças a ignorância em relação ao tratamento da doença. Bebês que ao nascerem, eram retirados dos colos de suas mães.
Personalidades da Colônia Antônio Aleixo, que fazem do bairro um lugar melhor
Uma comunidade é
formada por pessoas. Gentes que fazem suas histórias e contribuem para a
grandeza do lugar onde fincam suas raízes. Aqui temos relatos de cinco personalidades que responderam a seguinte questão: Qual a importância do bairro Colônia
Antônio Aleixo para você?
Angela Braúna, 16 anos
Angela nasceu na maternidade do bairro.
Me chamo Angela, tenho 16 anos, sou estudante do 2º Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Gilberto Mestrinho. Irei relatar resumidamente a importância do bairro Colônia Antônio Aleixo para mim. A Colônia Antônio Aleixo é onde eu nasci e me criei. Aqui conheci pessoas que hoje são importantes para mim. Passei por momentos bons e as vezes ruins, mas aqui aprendi a lutar pelos meus objetivos. O que eu sou e aprendi hoje, devo ao bairro onde moro.
Francisco Leite, 33 anos
Micro-empresário: Proprietário da Churrascaria Leite
A importância do bairro Colônia Antônio Aleixo pra mim, é que sou filho do bairro, nasci em 1983, e vi muita evolução do bairro, e cada dia está progredindo mais. Então me sinto muito importante de ser morador daqui. O Fundamental é que o bairro está se desenvolvendo, temos banco, escolas e posto de saúde. Porque antigamente as coisas eram mais difíceis pra gente, só tínhamos ônibus de duas em duas horas. Agora temos rota de ônibus de 15 em 15 minutos. Por isso fico muito feliz de está morando neste bairro. Aqui, tivemos muitas melhoras.
Hélio Silva, 59 anos
Professor Hélio, 26 anos de dedicação a educação do bairro.
Porque existem pessoas que tem bom coração e são solidárias. Uma comunidade que sabe viver com o seu passado, com a sua marca, por causa da Hanseníase. Povo sofrido, porém amado e que sabe amar, quando respeitado. Quando aqui cheguei há 26 anos atrás, não tinha muitos recursos tecnológicos. Este povo hospitaleiro que sabia e sabe conviver com as indiferenças sociais.
Um bairro diferenciado com uma característica de um município, isto me faz gostar deste lugar, eu poderia ajudar através do meu conhecimento, dedicando-me a educação dos filhos deste lugar. Mostrando que cada um tem o seu valor. Temos uma linda juventude que precisa ser motivada a amar o seu lugar, e eu enquanto professor, estarei fazendo o que posso para ver esta juventude um dia assumindo as lideranças que na comunidade possui, fazendo a diferença entre todos. Uma história de vida que não pode ser jamais esquecida, para o passado e o presente ajudar a formar o futuro da comunidade.
Itamar Feitosa, 49 anos
O autônomo Itamar, conseguiu a façanha de 1.321 votos na última
eleição para vereador, superando dezenas de concorrentes.
Primeiro porque gosto daqui. Segundo eu acredito assim: Deus escolhe onde a gente vai nascer e a gente escolhe onde vai morar. Eu fiquei encantado no dia em que vim aqui, escolhi este bairro para viver e morar com a minha família. Gosto das pessoas e do ambiente, e eu me sinto bem. Aqui, moro há 23 anos!
Noelia Vinente, 49 anos
Professora Noelia Vinente: compromisso e amor com a educação
Referência:
¹ Jornal do Commercio: Manaus 345 anos (24 a 27 de outubro de 2014).
² https://coloniaantonioaleixo.wordpress.com/1-historico-do-bairro/ (Consultado: 22/10/2016)
³ RIBEIRO, Maria de Nazaré de Souza. De leprosário a bairro: reprodução em espaços de segregação na Colônia Antônio Aleixo - Tese Doutorado; (Texto em pdf - Consultado: 22/10/201, p. 35)
4 http://www.portalamazonia.com.br/amazoniadeaz/interna.php?id=495 (Consultado: 22/10/2016)