(Luciano Roberto)
Chantageando o doutor
Nos
dias seguintes, Mariáh acompanhou Enoque até o seu trabalho. Pesquisaram,
observavam as pessoas que frequentavam o shopping. Estavam preparados, faltava
apenas atrair o Professor Dr. Joed Silva.
Uma
das maneiras de chamar a atenção do professor, não seria outro, senão através
de chantagem. Mariáh tinha uma infinidade de imagens com o Dr. Joed, ela estava
disposta a expor para a família do professor e na própria universidade. Mariáh
ligou.
__
“Oi, quem fala?” Atendeu ao telefone o professor Joed.
__
“Mal apareceu uma aluninha nova e você simplesmente me excluiu do seu mundo meu
caro Orientador”.
__
“Oi Mariáh, tentei falar com você, mas estou verificando vários trabalhos,
inclusive o seu”...
__
“Deixa de papo Joed, eu vi você com aquela aluna novata no teu escritório,
quero conversar contigo pessoalmente”...
__”Vem
aqui na UFAM”.
__
“Não, vamos nos encontrar a noite no Shopping Puai, às 20 horas, hoje. Não
falte, se você faltar vou te ferrar, ou você esqueceu as imagens íntimas que
fazíamos juntos? Tem uma aqui, muito interessante: você vestido com a minha
calcinha de renda preta. Lembra”?
Mariáh
desligou o celular, e postou no WhatsApp do professor algumas imagens
comprometedoras. Imediatamente o celular dela tocou. Era o Dr. Joed.
__
“Sua idiota, o que você quer? Você sempre soube que o nosso caso era apenas uma
curtição, nada sério. Sempre deixei claro isso para você. Por que age como uma maluca,
ficou louca? Assim como te ajudei academicamente, posso te destruir”.
__
“Dane-se! Ou você aparece hoje no shopping, ou amanhã todos saberão quem é o
tarado do Professor Dr. Joed Silva.
Desligou
o celular, tirou o chip. Estava diante de Enoque. Pegou a gravata borboleta,
que tinha feito um local perfeito para colocar a pequena arma. Colocou a barba do
Papai Noel, branca, longa e cheia. Não
dava para perceber que embaixo daquela barba falsa, havia uma arma de fogo. A
gola branca da roupa, como era espessa, ajudava a camuflar ainda mais a arma.
Mariáh
olhou para Enoque, mostrando que agora não tinha mais volta. Talvez a juventude
não permitisse perceber a loucura que estavam prestes a realizar. Nada mais
importava. Enoque estava seduzido pelo fogo ardente da paixão, já Mariáh,
sentia a sanidade da vingança tomar toda a sua razão.
Naquele
dia, um dia antes do Natal, fizeram amor mais uma vez na cama de solteiro de
Enoque. Despediram-se. Decidiram que se encontrariam apenas a noite no
shopping.
Enoque
ficou deitado na cama. Lembrou-se do seu tempo de menino em Barcelos. Adorava pescar com o
seu velho pai. Nunca se esquecera das histórias que seu pai contava: Curupira,
Boto, Cobra Grande entre outras. Ficou lembrando cada uma delas, até que
adormeceu.
Mariáh
pegou um ônibus. Finalmente depois de passar três noites fora, voltava para
casa. Morava apenas com a mãe. O pai tinha morrido alguns anos atrás, acidente de carro. Mariáh sempre foi estimulada a viver a liberdade, a viver a
vida, mas com responsabilidade. Vinha agora uma frase que viu seu pai falar, em
uma reunião de família.
__
“A vida é muito curta para se viver sofrendo”. Seu pai certamente não estava orgulhoso com as últimas ações da filha, Mariáh estava decidida.
Uma
leve chuva começou a cair. O céu da Zona Leste de Manaus ficou cinzento, tudo
parecia está em sintonia. Estava fazendo um frio bom.
Poderia
desistir do plano idiota e infantil, mas queria que Joed sentisse o mesmo que
ela estava sentido.
Queria vingança!
Queria vingança!
(Continua...)
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