Só quem já teve a casa invadida pela água da chuva, rios ou igarapés, sabem a dor e o sofrimento de tal violência.
A água chega devagarinho, fica ali, a poucos metros da sua porta - isso quando a enchente dar sinais que vai invadir a sua residência - o coração ainda cheio de esperança, leva você a pensar:
-Não vai invadir...
Mas o seu pensamento não passa de ilusão, a invasão é inevitável. Você começa a levantar os móveis possíveis, salvar os bens materiais mais caros: televisão, geladeira, sofá, cama, fogão, entre outros, mas toda ação é inútil.
Não há respeito por parte da água. Não há barreira que impeça a água. Ela invade sem piedade. Talvez reivindicando o espaço que outrora pertencesse apenas a ela, a invasora água.
O móveis suspensos começam a cair. Sua mente não consegue reconhecer o caos. Tudo misturado e engolido pela água barrenta.
Só existe uma saída racional. Deixar, mesmo contra a sua vontade, aquele lugar chamado lar. Levar o que é possível, talvez documentos e alguma muda de roupa.
De longe você observa a água aumentando, a cada minuto. Engolindo parede por parede de sua triste casa violentada.
Apenas uma enorme tristeza incompreensível toma conta do seu coração. Tudo o que foi conquistado com muita luta e suor se vai, e vira um amontoado de entulho.
Para você e sua família, restou apenas a vida. Ninguém ferido. Nenhuma vida perdida. Então você agradece em seus pensamentos e orações.
- Obrigado meu Deus!
Não há mais nada a fazer, a não ser esperar a água baixar, para então seguir em frente...
(Para o povo gaúcho do Rio Grande do Sul)
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